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I SÉRIE — NÚMERO 87

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E é bom que pensemos nestas situações, porque começa a verificar-se em relação à Europa não apenas

um afastamento mas também um descontentamento que, se nada fizermos, será, tendencialmente, cada vez

mais visível.

Portanto, a primeira questão que lhe suscito é essa, porque, na minha opinião, se não fizermos nada as

coisas têm tendência a piorar, não ficam como estão. Desse ponto de vista, há algumas questões que o CDS

gostaria de salientar e que nos parece que têm de ser corrigidas ou melhoradas. Isto não significa discordar da

ideia da Europa ou do projeto europeu, pelo contrário, significa que sabemos olhar para aquilo que tem sido

feito, sabemos reconhecer que têm sido cometidos erros e queremos um projeto europeu melhor.

A primeira questão sobre a qual gostava de saber a opinião do Sr. Deputado tem a ver com o seguinte:

para o CDS é fundamental termos uma Europa mais solidária. Já tivemos oportunidade de dizer, ao longo

destes anos, sobretudo nos anos do programa de ajustamento, que uma visão da Europa dividida entre os

países ricos e os países pobres, entre a Europa do sul e a Europa do norte, uma divisão absolutamente

demagógica em que muitos nos querem fazer crer, da Europa que trabalha versus a Europa que se endivida, é

uma visão que rejeitamos completamente. E dizemos, claramente, que não irá triunfar a Europa do sul e

perecer a Europa do norte, ou vice-versa, porque a Europa ou triunfa conjunta ou cai separada.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

Em segundo lugar, não lhe parece que devemos ter uma Europa mais concentrada no crescimento e na

criação de emprego e também, por outro lado, naquelas que são as políticas de valores, as políticas viradas

para as famílias? É que a Europa concentrou-se excessivamente na tecnocracia — e por que não dizer

mesmo na burocracia?! —, deixando de parte os problemas reais dos cidadãos, o que também está a ter

consequências e consequências diretas na abstenção e no facto de as pessoas preferirem ficar em casa a

irem dar o seu contributo.

Defendemos uma Europa em que todos os Estados-membros são responsáveis e recusamos uma visão de

Portugal que o coloque sempre na posição de ser um país não cumpridor. Não é esse o Portugal em que

acreditamos, não é essa a Europa em que acreditamos. Na Europa em que acreditamos, todos os países têm

deveres que cumprem e todos os países têm direitos que são integralmente respeitados.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Por último, aquilo que lhe pergunto, pela primeira vez em que

tivemos, nas eleições europeias, assumidamente, candidaturas à presidência da Comissão, é se não lhe

parece que um democrata-cristão como Jean-Claude Juncker, que foi, aliás, apoiado quer pelo PSD, quer pelo

CDS, nestas eleições, pode ser o candidato ou o presidente da Comissão que personifique os valores que

acabei de referir.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, em primeiro lugar,

agradeço a sua pergunta, mas devolvo-lha, porque, de facto, houve eleições europeias no passado fim-de-

semana, mas o PCP ou a CDU nunca as conseguiram perceber, porque a única coisa que se limitaram a fazer

foi a discutir política nacional. O PCP nem sequer é capaz de discutir política europeia e, portanto, tem de vir

discutir política nacional, pela sua incapacidade de olhar para além das suas fronteiras.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Por isso, Sr. Deputado, houve eleições! Nós não somos como o PCP, que, desde há 40 anos, diz que

ganha quando perde eleições, nós, quando perdemos, declaramos que perdemos. E comecei a minha

declaração política precisamente por saudar aqueles que tinham vencido as eleições. Mas fiz mais: saudei os