29 DE MAIO DE 2014
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provavelmente, achará que bem —, o Partido Socialista continua amarrado, porque continua com a assinatura
no pacto assinado com a troica.
Sr. Deputado Alberto Martins, queria colocar-lhe uma questão de forma clara para que possa dar uma
resposta também clara relativamente a este aspeto.
Os três partidos que os senhores designam por partidos do arco da governação — PS, PSD e CDS —
tiveram, nestas eleições, a mais baixa expressão eleitoral em eleições para o Parlamento Europeu. E nós
julgamos que tal significa uma condenação da política, dos compromissos que amarram os três partidos e que
têm a ver com o tratado orçamental, que ainda hoje, novamente, amarraram o PS, o PSD e o CDS na votação
sobre a Lei do Enquadramento Orçamental.
São compromissos que têm a ver, por exemplo, com a subjugação do País a todas as orientações e
determinações da política europeia, venham elas por via do Tratado Orçamental, do Semestre Europeu, do
Pacto de Estabilidade e Crescimento, compromissos dos quais PS, PSD e CDS não se desamarram.
Entendemos que a expressão eleitoral que os portugueses quiseram dar com a mais baixa votação aos
três partidos que apoiam esses compromissos nestas eleições para o Parlamento Europeu tem de ter uma
consequência, e essa consequência é a mudança de políticas.
Sr. Deputado Alberto Martins, o que queremos saber é qual a leitura que o Partido Socialista faz
relativamente a essa questão.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Concluo, Sr.ª Presidente.
É possível ou não retirar destas eleições essa exigência de rotura com a política de direita, de rotura com
esses compromissos, que amarram o Partido Socialista aos compromissos do PSD e do CDS?
Sr. Deputado Alberto Martins, relativamente ao euro, porque teremos na próxima sexta-feira a discussão da
moção de censura ao Governo, queria clarificar que aquilo que o Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim disse não
é verdade. O que está escrito nesta moção de censura, e que o PCP defende, é a adoção de medidas que
preparem o País face a uma saída do euro, seja por decisão do povo português, seja por desenvolvimentos da
crise europeia.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Querem é sair do euro!
O Sr. João Oliveira (PCP): — O País tem de estar preparado, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, para
essa circunstância, seja por decisão do povo português, seja por imposição externa.
Em relação a isso, também gostávamos de saber se quanto aos constrangimentos e às imposições
resultantes das orientações europeias o Partido Socialista concorda ou não que é preciso romper com essas
amarras.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Embora considere que os Srs. Deputados estão a estender-se demasiado no tempo,
a Mesa não tem outra possibilidade de controlar senão a de ir advertindo os Srs. Deputados.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, agradeço as suas
palavras.
Tenho noção e consciência perfeitas das dificuldades da sua intervenção. Creio que o termo «hecatombe»
foi um termo que o preocupou. Se o Sr. Deputado tiver um sinónimo melhor para qualificar o facto de, nas
últimas eleições europeias, ter perdido 520 000 votos (meio milhão de votos), se encontrar outro nome, talvez
ele seja… Mas que é uma derrota hecatômbica, é!
Aplausos do PS.