I SÉRIE — NÚMERO 87
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O Sr. José Junqueiro (PS): — Compare com 2009!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O Sr. Deputado Alberto Martins vem aqui tirar conclusões, comparando
eleições europeias com legislativas. Lembro-lhe só, a esse propósito, que o seu líder na altura, José Sócrates,
teve 26% de votos nas eleições europeias e a seguir ganhou as eleições legislativas. Portanto, não seja tão
perentório, tenha tranquilidade nessa mesma análise.
Acho que sei por que é que isso aconteceu. Sabe porquê, Sr. Deputado? Aconteceu porque o PS não fez
exame de consciência; aconteceu porque o PS não assumiu os erros do passado; aconteceu porque até hoje
o PS não teve capacidade de se demarcar do seu próprio passado; aconteceu porque o PS, nesta campanha,
já começou a querer prometer outra vez tudo a todos os portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
Foi por isso que aconteceu. E, se havia dúvidas sobre essa discrepância, há um facto muito evidente: às 8
horas da noite, o Dr. Francisco Assis proclamava a maior vitória de sempre do Partido Socialista.
Vozes do CDS-PP: — Vitória histórica!…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — A seguir, o Secretário-Geral do Partido Socialista já tinha ganho tudo:
europeias e legislativas. Não quero entrar em questões internas, mas olhe para o dia de hoje, olhe para o que
está a acontecer hoje no Partido Socialista! Não fique na sexta-feira, olhe para segunda de manhã! Veja o que
está a acontecer!
O que está a acontecer neste momento é a prova evidente de que havia uma discrepância entre a vossa
proclamação de triunfo e a realidade da leitura do resultado do Partido Socialista. Não quero, obviamente por
respeito partidário, e também porque não permito que ninguém discuta quem lidera o meu partido, entrar
nessa discussão.
E não entro nessa discussão porque todos nós vamos acompanhando as notícias e as redes sociais e é
confrangedor… Eu sou crítico do tipo de linguagem que algumas vezes se usa aqui, no Parlamento, mas
enfim, Sr. Deputado, olhe para o que está a acontecer dentro do seu partido neste momento: é obviamente
confrangedor!
Para terminar, deixo-lhe uma última pergunta.
Esperando que o Partido Socialista se reencontre, esperando que o Partido Socialista faça os debates que
tem de fazer e que encontre para si próprio uma boa solução, seja ela qual for — não tenho nenhum tipo de
preferência nessa matéria nem tenho de ter —, pergunto que sinal nos vão dar já na próxima sexta-feira,
quando a CDU, que tem um sexto de um terço dos votos e acha que tem a totalidade dos trabalhadores do
País — mal estaríamos se um sexto de um terço fosse a totalidade dos trabalhadores do País porque era sinal
de que muito pouca gente trabalhava neste País! —, aqui apresentar uma moção de censura? Qual vai ser a
posição do PS? Isso é que me interessa saber. Porque está, preto no branco, na moção de censura do PCP
«contra o pacto de agressão que PSD, PS e CDS-PP assinaram».
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, a Mesa distraiu-se em relação ao tempo. Tem de terminar.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vou já terminar, Sr.ª Presidente.
A moção de censura diz também «a União Europeia, diversificando as relações económicas e financeiras,
adotando as medidas que preparem o País face a uma saída do euro». Trata-se, portanto, de uma moção para
sair do euro!
Vozes do CDS-PP: — Ora!