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29 DE MAIO DE 2014

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O Sr. Alberto Martins (PS): — Essa é uma lembrança incómoda e muito sensata, como reconhecerá.

Por isso, o que temos de dizer é o seguinte: entendemos que a política de austeridade é uma política

dramática, desastrosa, que leva à pobreza, às desigualdades sociais e a uma desagregação social e

democrática grave. Temos consciência disso e queremos dar passos nesse sentido para combater esta

política, para a qual só há um caminho: não é a saída do euro, é discutirmos os diversos pactos da Europa e

tentar construir um novo pacto, porque o pacto orçamental não é um pacto de austeridade. O pacto orçamental

permite o controlo das dívidas e do défice e permite crescimento e emprego.

Protestos do PCP.

A nossa leitura é precisamente essa, sendo certo que nós não fazemos fetichismo dos pactos europeus,

pelo contrário temos uma visão dinâmica da construção europeia. E nisso estamos empenhados, porque a

Europa que nós queremos é uma Europa de solidariedade e de justiça.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Ainda para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo

Correia, do CDS-PP.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Alberto Martins, o centro-direita, o PSD e

o CDS-PP, perderam as eleições e o Partido Socialista ganhou-as. Muitos parabéns!

Em relação a essa vitória, não deixo de registar, no entanto, que não só a sua declaração triunfal na tribuna

há uns minutos atrás não me parece ter gerado da parte da sua bancada um entusiasmo tão triunfal quanto

isso como fiquei até com a sensação de que muitos dos seus camaradas já estão a discutir o confronto

seguinte, já estão no dia seguinte e, a esta hora, já estarão no debate subsequente a este mesmo debate.

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — É bem verdade!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Aquilo que eu gostaria de dizer, cumprimentando-o, obviamente, a si, e,

em si, o Partido Socialista, e também ao Dr. Francisco Assis, é que, de facto, me parece — e pergunto-lhe se

não lhe parece a si também, Sr. Deputado — que algo justificaria uma maior humildade democrática nesta

vitória do Partido Socialista.

Efetivamente, o Partido Socialista teve uma vitória, mas não teve, de maneira nenhuma, um triunfo. O

Partido Socialista não conseguiu o triunfo que os seus candidatos, que os seus políticos, que o seu cabeça-de-

lista antevia. Nos dias antes das eleições, falaram de tudo, de vitória histórica, de triunfo arrasador… Mas,

enfim, são três pontos e qualquer coisa de diferença, Sr. Deputado. Há, de facto, uma discrepância!

O Sr. Francisco de Assis (PS): — Mas ganhámos!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E o que é que acontece, Sr. Deputado Francisco Assis? Ouvi-o com

muita atenção, nos últimos dias de campanha, dizer: «Neste momento, qualquer social-democrata, qualquer

democrata-cristão, qualquer liberal, qualquer eleitor do centro e da direita tem de se juntar ao Partido

Socialista». Pois bem, Sr. Deputado, não aconteceu, não aconteceu! É evidente que nós perdemos, e esses

eleitores ficaram em casa, mas não se juntaram ao Partido Socialista.

De resto, esta discrepância é tão evidente…

Protestos do Deputado do PS Francisco de Assis.

É que, de facto, há uma discrepância, Dr. Francisco Assis, e ela é tão evidente quanto o Partido Socialista

tem uma vitória, mas, comparando-a, por exemplo, com 2004, tem uma vitória com menos votos do que

aqueles com que nós, o PSD e o CDS, perdemos as eleições da última vez que concorremos em coligação. O

Partido Socialista tem uma vitória com 31% e em 2004 nós perdemos com 34%.