I SÉRIE — NÚMERO 87
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Estes dados exigem uma profunda reflexão sobre a vontade dos cidadãos em participar no futuro do
projeto europeu. Importa refletir sobre este resultado que belisca o próprio conceito da democracia.
Sr.as
e Srs. Deputados, a dispersão de votos verificada leva à ponderação de um referencial de estabilidade
política — a responsabilidade do Governo e da maioria que o suporta.
Terminado o programa de ajustamento, é tempo de os portugueses trilharem em conjunto o seu caminho.
Não foi esta maioria que trouxe a troica, não foi esta maioria que esvaziou os cofres públicos.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Mas foi a esta maioria e ao atual Governo que foi pedida a coragem
de fazer o que tinha de fazer, libertando o País do controlo e das sucessivas avaliações dos organismos
internacionais.
Começa agora um novo ciclo de ação para o Governo. Portugal saiu do programa de assistência técnica de
forma limpa e, com isso, o País recuperou a sua soberania integral e o seu espaço de manobra.
Ao Governo cabe a responsabilidade de gerir, por si só, os destinos do País, na continuação da
recuperação económica tendente à criação de emprego, na ponderação dos rendimentos dos cidadãos, na
reposição dos rendimentos de funcionários públicos e pensionistas, garantindo acima de tudo as suas pensões
e os seus salários para que não se repitam fenómenos de um passado recente e para que não faltem os
meios para assegurar os seus compromissos com honra e com orgulho.
Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo já deixou clara a sua determinação em vencer este desafio. O Primeiro-
Ministro, e Presidente do PSD, sempre deixou claro que não cedia às eleições nem cede à demagogia e ao
discurso fácil. E é com esta força que se encontra um novo rumo: sem limitações da troica, com a economia a
dar sinais evidentes e continuados de crescimento, com indicadores cada vez mais positivos e o desemprego
que se reduz.
Assumimos a nossa responsabilidade de consolidar este percurso. Que outros não se apresentem, agora,
como falsos salvadores, quando foram eles os destruidores.
Neste ano que falta, cabe-nos assegurar a concretização da esperança aos portugueses.
Não existe outra alternativa a este Governo. A mudança e a confiança não se anunciam, conquistam-se
pela ação construtiva.
Enquanto alguns — ansiosos ou deslumbrados — saem das suas «covas», na expectativa de espreitar
uma oportunidade, nós continuaremos a trabalhar.
Enquanto alguns expõem a sua fragilidade e o seu discurso oco e esgrimem publicamente as suas
divergências internas, nós continuaremos a trabalhar.
Enquanto alguns só têm a negativa como alternativa, nós continuaremos a lutar por mudar
consistentemente a vida dos portugueses.
O convite para trabalhar em conjunto com todos — partidos, parceiros sociais — continua de pé: na
reforma do Estado, na adoção de medidas de crescimento económico, nos esforços para encontrar consensos
e para pôr fim, em conjunto, definitivamente, aos sacrifícios que têm sido pedidos aos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado António Rodrigues, inscreveram-se, para formular pedidos de
esclarecimento, os Srs. Deputados António Filipe e Cecília Meireles.
Não sei como pretende responder, se em conjunto ou separadamente…
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Responderei em conjunto, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Assim sendo, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, ouvi atentamente a sua
declaração política e penso que lhe vou dar um novidade: no domingo passado houve eleições para o
Parlamento Europeu em Portugal e o Sr. Deputado, pelos vistos, não se apercebeu disso.