31 DE MAIO DE 2014
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Diga aqui qual foi a posição do PSD nessa altura em relação às
nacionalizações!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, peço desculpa, mas não tinha percebido que estava a intervir
novamente…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Diga qual foi a posição do PSD em relação às nacionalizações!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, o Partido Social democrata foi dos partidos que em Portugal se
bateu contra o processo revolucionário que pretendia instituir em Portugal uma ditadura, apesar daquela que
era a vontade dos portugueses. Não queira reescrever a história, Sr. Deputado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Vozes do PCP: — É falso!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Isso é uma mentira histórica!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Eu sei, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, que não está habituado a ser
confrontado. O Sr. Deputado está habituado a uma certa complacência, mas não pode haver complacência
quanto ao projeto que o Partido Comunista Português tem para Portugal e que está muito bem descrito nesta
moção de censura.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A maioria esmagadora do País recusou esse projeto várias vezes e também o recusou nestas últimas
eleições, Sr. Deputado. Recusou-o, Sr. Deputado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado Alberto Martins gostaria que eu tivesse feito um discurso de autossatisfação e que
desconhecesse a gritante e dramática censura popular. Foram esses os termos que o Sr. Deputado
empregou, dizendo que esta maioria tinha tido a maior derrota de sempre nas eleições.
Vozes do PS: — É verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nós ouvimos um bocadinho este discurso no princípio da noite eleitoral e
depois vimos no que é que ele deu, inclusivamente no Partido Socialista.
Mas, Sr. Deputado, quero assumir, como já o fiz publicamente, o resultado eleitoral que o PSD e o CDS-
PP, em conjunto, obtiveram nestas últimas eleições. Já o afirmei: o PSD e o CDS-PP tiveram um mau
resultado nestas eleições e perderam estas eleições!
É verdade que enfrentámos no País as condições mais adversas que qualquer Governo democrático
enfrentou. Mas não o dizemos para nos queixarmos, dizemo-lo apenas para explicar que certas afirmações
tonitruantes a propósito da dimensão das derrotas precisam de ser contextualizadas, como as afirmações
tonitruantes acerca de certas vitórias eleitorais também precisam de ser contextualizadas. Aliás, creio que
esse processo está em curso no seu partido, e eu respeito-o.
Mas diz o Sr. Deputado que o Governo vem fragilizando a sua legitimidade democrática e que a
legitimação social deste Governo está pelas ruas da amargura. Sr. Deputado, pode ser que o Governo e os
partidos que o apoiam não tenham tido um bom resultado nestas últimas eleições, mas quero dizer-lhe, com
muita humildade, que isso não me impediu de estar aqui, neste Parlamento, a responder ao País e aos Srs.
Deputados.