I SÉRIE — NÚMERO 89
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O que creio, no entanto, Sr. Deputado Alberto Martins, ser importante é compreender como é que um
partido que ainda há pouco, através do Sr. Deputado José Junqueiro, se afirmava, na pergunta que dirigiu ao
Partido Comunista, como um partido defensor do rigor das contas públicas e da necessidade de reduzir o
défice, um partido que defende uma economia social de mercado, que defende o espaço de recuperação e de
crescimento da economia, que só pode fazer-se com a atração do investimento externo, como é que um
partido que perfilha estes valores e que, ao mesmo tempo, durante estes três anos, esteve presente em
momento críticos quando se teve de recorrer à ajuda externa e quando no reequilíbrio europeu se assinou um
tratado orçamental, vota favoravelmente uma moção que condena justamente todos estes atos de que os
senhores e o Partido Socialista também foram protagonistas? Se o Sr. Deputado me conseguir explicar, julgo
que o País, por este intermédio, agradecerá.
O Sr. Deputado Luís Montenegro referiu a inoportunidade desta moção, mas o Sr. Deputado sabe que essa
não é uma questão que preocupe muito o Partido Comunista Português. O Partido Comunista Português está
mais interessado em não deixar tempo ao Partido Socialista para iniciativas e em condená-lo para se
satisfazer com esta desorientação tremenda que é ter um partido que é censurado a votar favoravelmente a
sua própria censura.
Este é o jogo que o Partido Comunista Português quis trazer para o primeiro plano deste debate e, depois,
de uma forma um pouco cínica, vem dizer «não, os partidos da maioria é que querem desviar as atenções
desta moção de censura tercendo armas com o Partido Socialista.» Não teve o Partido comunista outra
intenção, como ficou bem patente neste debate!
Mas, Sr. Deputado, se, porventura, houvesse consequência material na aprovação da moção de censura
talvez o momento mais incompreensível para o fazer… Não se trata de ser o momento mais inoporturno,
permita-me acrescentar, é o momento mais incompreensível, porque inoportuno teria sido, seguramente, que
todas as moções de censura suscitadas perante a Câmara nestes três anos tivessem sido aprovadas. Isso
teria obrigado o País a abrir uma crise política, com uma renegociação do Memorando de Entendimento, que
implicaria um segundo resgate para Portugal e condições muito mais negativas para todos os portugueses.
Inoportuno teria sido que, de cada vez que a oposição aqui suscitou a censura ao Governo, ela tivesse tido
consequências, mas agora é incompreensível.
Os portugueses, qualquer que seja o seu quadrante partidário ou programático, sabem que o País fechou
um dos períodos mais difíceis da sua história. O País só o pôde fechar, evidentemente, porque não estava na
mesma situação de 2011, em que não tinha, sequer, recursos para poder bastar-se nas suas obrigações mais
elementares.
Ora, se isso aconteceu em 2011 e não acontece agora, se nessa altura o que tínhamos não nos permitia
sequer pagar o vencimento de obrigações que se venciam passado um mês e hoje podemos,
confortavelmente, fazer face a qualquer volatilidade do mercado durante um ano porque temos reservas
suficientes para fazer face a essas situações, então este é um momento incompreensível para apresentar uma
moção de censura ao Governo e é querer confundir a natureza das eleições que tiveram lugar, em que alguns
partidos até apresentaram, como é sabido, projetos de programa eleitoral para eleições legislativas, com as
eleições que ocorrerão daqui a um ano e meio.
Mas, Sr. Deputado, não há dúvida de que a conclusão do PAEF e os dados macroeconómicos hoje
permitem-nos acalentar uma outra confiança para o futuro. É isso, Sr. Deputado Nuno Magalhães, que está
hoje em causa.
Desde o segundo trimestre de 2013, conseguimos iniciar uma trajetória de recuperação da nossa
economia, e ela tem sido consistente com os indicadores de confiança de todos os agentes no mercado, a
começar, também, pelas famílias e, portanto, pelos portugueses.
É muito importante que essa confiança, hoje, não seja abalada. Por isso, referi que qualquer passo atrás ou
passo em falso representará, com certeza, um regresso à incerteza sobre o grau de confiança para a
recuperação da nossa economia.
O Governo está empenhado, da mesma maneira que esteve nestes três anos em cumprir as metas que
nos permitiriam sair do Programa sem pedir um programa acautelar, em atrair o investimento externo, em
facilitar e dinamizar o pequeno investimento, nomeadamente através da regeneração urbana, através da