I SÉRIE — NÚMERO 89
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Disso podem estar certos, seja qual for o desfecho final deste debate
e da votação desta moção e seja qual for a decisão do Presidente da República: esta maioria já só existe aqui,
já não existe no País.
Quanto mais depressa este Governo for demitido, mais próximo estará o fim do pesadelo destes três anos
trágicos para o povo português.
Por nós, não desistiremos de lutar, sempre e sempre, por uma vida melhor num Portugal com futuro.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, informo-o de que tem uma pergunta do PSD,
formulada pelo Sr. Deputado José de Matos Correia. Contudo, tendo em conta a moldura deste debate, dou,
desde já, a palavra ao Sr. Primeiro-Ministro, para concluir esta fase de abertura do debate.
Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Não é por se
ter tornado numa arma banalizada de combate partidário que a moção de censura deixa de ser um
instrumento constitucional da maior gravidade. A ponderação dos seus motivos deve ser alvo de escrutínio
democrático e consequente.
Na última vez que debatemos uma moção de censura, tive a oportunidade de dizer que o Governo lhe
respondia como sempre respondeu: com confiança na força e coesão da maioria parlamentar que o apoia.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É neste Governo, e nesta maioria parlamentar, que assenta o único projeto
político credível de estabilidade, de responsabilidade e de mudança.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E essa resposta foi, e é, o esteio da recuperação do País.
O Partido Comunista apresenta uma moção de censura que explicita os seus objetivos maiores: a
instabilidade política, a ruína económico-financeira do País e a saída do euro.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Estes são objetivos que não podem, também, merecer o apoio do principal
partido da oposição, sob pena de cair na mais flagrante contradição.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O mesmo partido que ratificou o tratado orçamental neste Parlamento e nesta
Legislatura não pode suportar um apelo explícito à saída do euro, que significaria, além de qualquer dúvida, a
saída da União Europeia. Se o fizer, será responsabilizado pelo País por uma incoerência política grave e
irremediável. Sobre este ponto, não há retórica nem contorcionismos que permitam segundas leituras.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E é importante sublinhar que o tratado orçamental não é uma peça sobressalente na Europa que estamos
a construir. Corporiza a maior responsabilidade que queremos associar à maior solidariedade na Europa do
futuro. Solidariedade e responsabilidade, ambas terão de caminhar juntas.
É preciso assumir de uma vez por todas que o caminho para a Europa que ambicionamos não se fará
sacrificando a responsabilidade à solidariedade, ou a solidariedade à responsabilidade. A Europa forte e