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31 DE MAIO DE 2014

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O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, na introdução que o Sr. Deputado faz e

na moção que apresenta, há algumas coisas que são fundamentais para o esclarecimento desta Câmara, mas

também para o próprio esclarecimento do PCP.

O PCP diz no texto que quer rejeitar a parte ilegítima da dívida e que, no fundo, não quer assumir os

compromissos que o País tem de assumir. Pergunto-lhe, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa: o que é que isto

quer dizer no texto que apresenta a esta Câmara? O Sr. Deputado Jerónimo de Sousa tem de perceber que

aquilo que mais fere o investimento e a criação de emprego, em Portugal, é a imprevisibilidade. E um país que

faça do seu caminho o caminho da imprevisibilidade, como faz o Governo todos os dias, é um país que não

atrai ninguém para fazer investimento.

Portanto, temos de cumprir os nossos compromissos. Por isso, o que lhe pergunto é o seguinte: mas,

afinal, que parte desses compromissos é que o Sr. Deputado entende que não deve cumprir e, como diz aqui,

rejeita? Como resolve esse problema?

Em segundo lugar, o País está traumatizado, há muitos anos, por aquilo que foi, em determinada época (e

não vale a pena estar aqui a precisar), a destruição de todo o tecido produtivo,…

O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Bem lembrado!

O Sr. José Junqueiro (PS): — … exatamente porque houve um conjunto de nacionalizações, de

arbitrariedades, de inconsequências que levaram o País a uma situação difícil.

Diz o Sr. Deputado, diz o PCP que vai recuperar e quer nacionalizar parte do setor financeiro, quer

nacionalizar empresas, quer nacionalizar setores estratégicos indispensáveis para o apoio à economia.

Bem sei que este Governo tem alienado os ativos estratégicos fundamentais para a recuperação da

economia. Mas o que é preciso saber com clareza é, afinal, que nacionalizações são estas, de que empresas,

de que setores estratégicos.

Finalmente, o PCP aponta no texto que há a possibilidade de uma saída do euro, de duas maneiras: ou por

vontade das pessoas, ou por consequência de uma governação desastrosa do Governo.

Então, gostava de lhe perguntar o seguinte: esta moção e esta alusão à saída do euro é uma convicção do

Partido Comunista Português? Como é que o Partido Comunista Português explica aos portugueses o futuro,

o dia a seguir? Em que contexto internacional é que o Partido Comunista Português se pode movimentar?

Estas são questões relevantes para ajuizar do texto desta moção.

Bem sei que o que votaremos é o que teremos de votar.

Vozes do PSD: — Ah!

O Sr. José Junqueiro (PS): — Mas quero dizer-lhe claramente que estamos em total desacordo com a

questão das nacionalizações, com a saída do euro, com o incumprimento da dívida, porque somos a favor do

cumprimento das nossas obrigações e do rigor orçamental.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados José de Matos Correia e José

Junqueiro, o início das vossas intervenções revelou que, usando as perguntas ao PCP, querem dirimir

conflitos entre os dois e respostas entre os dois. Resolvam isso e não permitam a perturbação da nossa

moção de censura, indo, antes, àquilo que é fundamental.

Começo pela intervenção do Sr. Deputado José de Matos Correia, com esta ideia da versão light. Sabe, Sr.

Deputado, nós não temos uma conceção de superioridade moral em relação a outras forças políticas. Agora, o

que temos, e nos honramos muito de ter, é uma política de verdade e uma política de coerência, e não

tentamos «vender gato por lebre», como este Governo tem feito ao longo destes três anos.

Aplausos do PCP e de Os Verdes.