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31 DE MAIO DE 2014

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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A ideia de fundo é que, se há uma questão que deve ser discutida —

e os senhores nunca quiseram discuti-la, nunca! — é a do euro. As condições de adesão, os impactos, as

consequências que teria na nossa economia e no nosso País. Mas porquê? Por que é que não querem

discutir? É que nós dizemos uma outra coisa importante: em última análise, será sempre o povo português a

decidir. Não o PCP, mas o povo português.

Aplausos do PCP.

Sr. Deputado José Junqueiro, fiquei surpreendido ao ouvir a sua afirmação. Andamos nisto há muito anos,

desde a Assembleia Constituinte, como Deputado constituinte, e lembro-me que, na altura, o Partido Socialista

era o defensor das nacionalizações que se verificaram.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. António Filipe (PCP): — O PSD também!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Aliás, devo dizer que até o PSD, em termos de texto constitucional e

de proposta, defendia as nacionalizações.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Então, foi essa opinião favorável, essa proposta de nacionalizações

que levou a privatizar, por exemplo, os CTT? Eu é que gostaria de ouvir a vossa opinião. Está de acordo com

a privatização, que está em curso, dos CTT, da EDP, da CIMPOR, da EGF, daquilo que são instrumentos

fundamentais para o nosso desenvolvimento? Está de acordo com essa privatização? Este é que é o

problema. Nós estamos em desacordo com essa privatização, à luz do texto constitucional e do interesse

nacional. Ou querem fazer crer aos portugueses que o abandono, a alienação do que temos de melhor de

património público empresarial, alavancas fundamentais para o nosso crescimento e desenvolvimento, é bom?

Que é bom a privatização?! Há de explicar isso aos portugueses!

De qualquer forma, continuo a perguntar: afinal, o PS, que assumiu e propôs as nacionalizações, hoje,

passados tantos anos, questiona-as e é contra essas nacionalizações? É uma pergunta que o Partido

Socialista deve clarificar.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Boa pergunta!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Quais são as empresas, os setores estratégicos? Já referi os CTT, a

EDP, a banca comercial, a CIMPOR a EGF. Quer mais exemplos? Vamos discuti-los, mas não venha com

essa conversa, porque o que os senhores estão a dizer é que, no essencial, com algum custo, assumem a

ideia de que o PS está de acordo com a política de privatizações que este Governo ultimamente tem

executado. Esse é que é o problema central.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É por estas e por outras que o povo português nos admira pela

coerência. Pode haver desacordo, pode haver divergência e diferença em relação ao rumo de uma política

patriótica de esquerda, mas há necessidade de rutura e de uma política diferente. Somos claros, o mesmo já

não podemos dizer do PS e, de qualquer forma, apontamos o dedo à bancada do PSD.

Para terminar, independentemente de acontecimentos e episódios laterais, a questão central desta moção

de censura está em saber se a Assembleia da República acompanha a grande censura popular que aconteceu

no dia 25 de maio. Esta é a questão central que está em debate e não vale a pena fugir para o lado.