6 DE JUNHO DE 2014
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estamos sempre disponíveis para melhorar tudo o que pode ser melhorado; estamos sempre disponíveis para
aprender com a evolução deste instrumento jurídico.
O Sr. Deputado Sérgio Azevedo não respondeu a uma pergunta e, por isso, volto a colocá-la, esperando
que alguém do PSD ou do CDS lhe dê resposta neste debate: porque é que não querem que se cumpram as
recomendações do relatório da auditoria do Tribunal de Contas? Porque é que não querem que se cumpram
as recomendações do relatório da Ernst & Young? Acima de tudo, porque é que, das 25 recomendações,
cortaram aquela que se referia à renegociação das linhas de financiamento?
O Sr. Deputado Sérgio Azevedo não respondeu, mas vamos continuar à espera que os Srs. Deputados do
PSD e do CDS nos digam porquê especificamente não apresentam esta recomendação: «Renegociação das
linhas de financiamento com o objetivo de tornar a sua estrutura contratual mais simples, transparente e com
menos custos.» Talvez isso esteja em linha com outras propostas que não quiseram adotar, por exemplo, em
matéria de taxação dos 80% de fluxos financeiros das parcerias público-privadas que são destinados aos
bancos. Talvez seja por isso.
Talvez esteja também em linha — é preciso trazer este aspeto à colação — com a incapacidade que o
Governo tem revelado, há mais de ano e meio, para cumprir aquilo que tem anunciado em matéria de
renegociação dos contratos das parcerias público-privadas. O Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho disse,
há ano e meio, que já tinha cortado 250 milhões de euros. Bem, nem quero fazer contas a quantas vezes o ex-
Ministro Álvaro Santos Pereira anunciou a mesma conta!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Se tivessem negociado bem não era necessário renegociar!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Tivemos oportunidade de inventariar, na Comissão de Economia e
Obras Públicas, 22 anúncios feitos por parte dos membros do Governo.
Depois, passaram a referir 300 milhões de euros. A verdade é que, ano e meio depois, depois de muito
anúncio e de muita propaganda, de muitas declarações políticas aqui feitas sobre esta matéria, o Secretário de
Estado Sérgio Monteiro e o Presidente da empresa Estradas de Portugal reconheceram que ainda não há
nenhum contrato renegociado ou com assinatura, nenhum contrato aprovado no Conselho de Ministros,
nenhum contrato enviado para o Tribunal de Contas. Portanto, dos 300 milhões de euros de renegociação de
contratos de parcerias público-privadas até agora temos zero!
Aplausos do PS.
E a verdade é que, depois, os relatórios que não saem… É por isso que o Partido Socialista apresentou um
projeto de resolução, cujo debate está agendado para a próxima semana, que visa alterar as competências da
Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). A UTAO já granjeou créditos de competência e independência
junto da Assembleia da República e, por isso, achamos que deve passar a acompanhar as parcerias público-
privadas.
Temos de passar da teoria à prática, da recomendação sobre recomendação à ação. Desta forma,
desafiamos o PSD e o CDS, já que foram buscar recomendações apresentadas pelo PS há um ano, a
aprovarem imediatamente, na próxima semana, o alargamento das competências da UTAO em matéria de
parcerias público-privadas. Queremos que esta terceira geração de parcerias público-privadas que os
senhores estão a concretizar tenha essa avaliação e esse acompanhamento independentes junto da
Assembleia da República.
Apresentámos esta proposta em termos da UTAO porque não queríamos que significasse mais despesa ou
a criação de um novo organismo.
Queremos uma avaliação dos processos de negociação e dos reequilíbrios, queremos acompanhar os
contratos que já existem, queremos acompanhar as renegociações que andam há ano e meio a fazer e que
não conseguem concretizar e queremos um acompanhamento independente, junto da Assembleia da
República, por parte da UTAO, de todos os novos contratos de parcerias público-privadas que estão a realizar.
Por isso, esperamos que o PSD e o CDS, na próxima semana, votem favoravelmente essa nossa proposta.
Aplausos do PS.