I SÉRIE — NÚMERO 100
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a questão que gostaria de ver esclarecida: qual é a intenção do Governo, ao abrir a publicidade ao jogo, nas
suas mais diversas formas?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Laurentino Dias.
O Sr. Laurentino Dias (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado do Turismo, começaria por dizer-
lhe que verá no Partido Socialista um grupo parlamentar interessado em encontrar uma solução para que uma
área dos jogos em Portugal, que tem vivido na clandestinidade e na ilegalidade, possa ter uma solução
legislativa. Encontrará no Grupo Parlamentar do PS essa disponibilidade, mas hoje, que o Governo resolveu
levar-nos a jogo aqui, no Plenário da Assembleia, queria começar justamente por dizer que mal começa o
jogo, quando as regras são estas.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
O Sr. Laurentino Dias (PS): — Ou seja, todos sabemos que esta matéria é da maior delicadeza, todos
sabemos o conjunto de interesses, vários, e alguns deles claramente antagónicos, que importa dirimir, discutir
e sobre os quais importa decidir, no final, quando se trata de uma matéria como a que está hoje a ser aqui
debatida.
Todos sabemos também — aliás, o Sr. Secretário de Estado disse-o — que o Governo chegou a este dia
depois de um longo processo de audição e estudo e de avaliar e analisar um relatório final com várias
soluções. É claro que o Governo guardou para si esse relatório e essas soluções, não o pôs à disposição da
Assembleia até hoje — esperemos que o faça na discussão na especialidade —, porque aquilo que o Governo
fez foi, na posse do resultado final dessas avaliações e estudos, pelos vistos tão longos e tão sensíveis,
apresentar-nos uma proposta para que, em 48 horas, o Plenário discuta e diga quais são as suas posições ou
os seus pensamentos e as suas reflexões sobre esta matéria.
Sr. Secretário de Estado, como aqui já foi dito, não basta que a votação seja adiada para daqui a 8 ou 10
dias. De que vale adiar uma votação para daqui a 8 ou 10 dias, em cima de uma discussão feita nestes
termos?!
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
O Sr. Laurentino Dias (PS): — Sr. Secretário de Estado, de que vale dizer: «Bom, estamos a dar tempo
para que se reflita sobre isto, porque só se vota daqui a 8 dias»?! Sim, mas fomos trazidos à discussão em 48
horas, sem tempo, sequer, de ler os textos!
Parece-me, e desculpe, se brinco, que o Governo, eventualmente, terá feito a promessa ao futebol de
trazer esta matéria durante o Mundial e resolveu fazê-lo no dia de hoje, que, ironicamente, é até um dia difícil
para o País no plano do Mundial de Futebol,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Veremos!
O Sr. Laurentino Dias (PS): — … mas sabemos como as coisas são.
Sr. Secretário de Estado, esta solução, como qualquer outra, é uma solução que põe em crise, altera ou
modifica os termos do jogo que se faz hoje legalmente em Portugal, altera as receitas que são hoje
destinadas, desde logo, a diversas áreas da vida social em Portugal e altera o contexto em que as receitas e
proventos desses jogos são distribuídos no País.
A par destas audições que o Governo terá feito, embora, no diploma que nos traz, recomende que se
façam de novo, há algum estudo sobre o impacto, nas atuais receitas dos jogos, destes novos jogos que
podem vir a ser implantados depois da aprovação desta lei? Há ou não?
O Sr. José Magalhães (PS): — Boa pergunta!