I SÉRIE — NÚMERO 101
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, concluído este debate, entramos no período das votações
regimentais, pelo que peço aos serviços o favor de acionarem o sistema eletrónico para que os Srs.
Deputados se possam registar.
Pausa.
Entretanto, peço ao Sr. Deputado António Filipe o favor de me substituir na presidência da Mesa.
Pausa.
Neste momento, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
Srs. Deputados, ainda antes de os serviços concluírem a verificação eletrónica do quórum de deliberação,
queria informar que, relativamente à apreciação parlamentar n.º 86/XII (3.ª), suscitada pelo PCP, que
debatemos há pouco, foram apresentadas propostas de alteração por parte do PCP, as quais, juntamente com
o Decreto-Lei n.º 60/2014, de 22 de abril, baixam à Comissão de Educação, Ciência e Cultura.
Agora, sim, Srs. Deputados, creio que estamos em condições de dar por concluído o processo de
verificação eletrónica de quórum.
O quadro eletrónico regista a presença de 202 Deputados, a que a Mesa acrescenta a presença dos Srs.
Deputados Idália Salvador Serrão e Fernando Jesus, ambos do PS, perfazendo um total de 204 Deputados
presentes, o que significa que temos quórum de deliberação.
Srs. Deputados, vamos, então, dar início às votações, começando pelo voto n.º 200/XII (3.ª) — De
saudação pelo valor histórico e pelo futuro da língua portuguesa — 800 anos (CDS-PP).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
É o seguinte:
Nenhuma língua nasce de repente num só dia. Decorre de um longo processo cultural e social de formação
e afirmação. E, em rigor, essa evolução e formação nunca acaba: em certo sentido, as línguas vivas estão
continuamente a nascer.
Neste processo, há, porém, marcos fundamentais que devem conhecer-se e podem celebrar-se. Poderia
ser este, o da «Cantiga da Garvaia» ou «Cantiga da Ribeirinha», a mais antiga cantiga de amor trovadoresca
conhecida, em português. Começa assim:
«No mundo non me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vós, e ai!»
O poema de Paio Soares de Taveirós esteve datado de 1198, mas investigações posteriores situam-no já
no primeiro quartel do século XIII. E é também desta mesma época o Testamento de D. Afonso II, dado em
Coimbra a 27 de junho de 1214, considerado o mais antigo documento régio em língua portuguesa e que, por
isso, assume importância ímpar, distinguindo-se claramente de outros documentos anteriores ou coevos.
Não é por ter data certa, verificada e confirmada. O Testamento de D. Afonso II é, primeiro, considerado já
escrito em português e não em galaico-portucalense. Segundo, não é um texto particular, mas um documento
oficial. Terceiro, não é um documento oficial qualquer, mas um documento do soberano, ao mais alto nível do
Estado. E, quarto, sendo um documento do rei e em português, é o primeiro sinal de afastamento do latim a
esse nível, antecedendo de várias décadas a altura em que o português seria adotado como língua oficial e
obrigatória do reino.
O texto começava assim: «En'o nome de Deus. Eu rei don Afonso pela gracia de Deus rei de Portugal,
seendo sano e saluo, tem(en)te o dia de mia morte a saude de mia alma e a proe de mia molier reina dona
Vrr(aca) e de meus filios e de meus uassalos(…)» O que hoje escreveríamos deste modo: «Em nome de