I SÉRIE — NÚMERO 102
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … as tais dívidas que o Sr. Deputado António José Seguro quer que o Estado
pague. Andamos a pagar dívidas, Sr. Deputado!
O Sr. Deputado gostaria que, em vez de pagarmos essas dívidas, tratando, depois, de racionalizar os
serviços, continuássemos a aumentar essa dívida. Porque para o Sr. Deputado, no que toca à saúde, no que
toca ao emprego, no que toca à segurança social, no que toca à cultura, no que toca a tudo o que o Estado
deva gastar, não deve ser feita conta, o que é preciso é assegurar que se gaste! E, se se gastar, o País há de
ficar melhor! Sr. Deputado, a verdade é que isso conduziu o País à ruína.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Finalmente, Sr.ª Presidente, gostaria de dizer à Sr.ª Deputada Helena Pinto
que o facto de as regras relativas ao complemento solidário para idosos terem sido alteradas, como foram
alteradas as regras relativas ao rendimento social de inserção e, em muitas outras circunstâncias, a outras
prestações, não impediu o Estado, através do Governo, de ter uma despesa com prestações sociais mais
elevada do que antes da crise. Isto significa, Sr.ª Deputada, que conseguimos canalizar, através do Programa
de Emergência Social, um volume financeiro maior destinado justamente a impedir que as pessoas pudessem
ficar para trás.
Portanto, Sr.ª Deputada, não, nós não virámos as costas a quem tem dificuldades, não, nós não podemos
colocar o Estado a financiar todos aqueles que têm dificuldades e dívidas, não, Sr.ª Deputada, não o podemos
fazer, mas podemos fazer cumprir regras.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — E a regra é que as penhoras não podem ir além do salário mínimo nacional,
considerado o mínimo para se poder viver com dignidade.
Sr.ª Deputada, os compromissos assumidos pelos particulares, evidentemente, não podem ser suportados
pelo Estado,…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Quais compromisso?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas creio que não era essa a sua proposta.
Portanto, ficou registada a sua pergunta sobre as dificuldades que os portugueses estão a passar, mas não
a solução que a Sr.ª Deputada defende para que essas dificuldades possam ser superadas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Qual é a sua solução?
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Deputados, como foi anunciado pela Mesa, há ainda mais
seis inscrições para pedir esclarecimentos, mas o Sr. Primeiro-Ministro já não dispõe de tempo para
responder.
A Mesa, por princípio, não tem, nem deve ter, qualquer critério de paternalismo, diria assim, na distribuição
dos tempos, mas ponho à consideração da Câmara o facto de haver seis inscrições para fazer perguntas e de
o Sr. Primeiro-Ministro não ter tempo para responder.
A validade das perguntas é politicamente autónoma, mas não posso dar a palavra sem deixar de referir
previamente a esta situação.
Pausa.
Srs. Deputados, a bancada do CDS-PP informou a Mesa que cede 4 minutos do seu tempo ao Sr.
Primeiro-Ministro.