3 DE JULHO DE 2014
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O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é o Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social nem o
Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social que têm de determinar as condições de
flexibilidade com que os apoios podem ser dirigidos para as instituições que mais precisam deles e que sabem
quais são as pessoas mais carenciadas.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ainda vivemos numa visão retrógrada do Estado e temos de a superar.
Portanto, sim, Sr. Deputado, precisamos de ter uma visão moderna da Administração Pública, mais
descentralizada na forma como está organizada e que privilegie a coesão territorial.
O Sr. Deputado abordou também as questões da natalidade.
Enquanto Presidente do PSD, anunciei que um grupo de trabalho iria apresentar publicamente um conjunto
de orientações, de propostas, de sugestões que gostaríamos de sujeitar a debate público, sendo que, na
altura, até convidei as outras forças partidárias a fazerem o mesmo. Evidentemente, o Governo também terá a
sua intervenção nesta matéria e — já o disse publicamente e reafirmo-o aqui — não deixará de suscitar este
debate no contexto europeu, porque esta é uma matéria também de perfil europeu.
Apesar de alguns países, com a França à cabeça, não terem o problema que nós temos, esses casos são
as exceções à regra. A generalidade dos países europeus encara, nesta altura, uma demografia recessiva que
pode vir a pôr em causa a sua sustentabilidade no médio e no longo prazos. Por isso, estes países precisam
de muito imigração e não de restrições à liberdade de circulação — aliás, é isso que tenho defendido também
no espaço europeu. Mas esse é um debate que vamos ter de travar, com tempo e dignidade, no Parlamento e
que deverá ser tratado também do ponto de vista do contexto europeu.
Sr. Deputado Hélder Amaral, não posso ser mais positivo, indo ao encontro da sua preocupação, quanto à
aposta que devemos fazer no interior do País, não apenas em termos de investimento mas também de
políticas públicas.
É verdade que há hoje uma rede de contexto que permite aos investidores verem atratividade em muitos
territórios do interior, e não apenas do litoral, que há respostas que as políticas públicas ainda têm de realizar
para garantir uma maior e efetiva atratividade de alguns territórios, mas algumas das apostas contidas nos
projetos, nomeadamente, nas áreas dos transportes e das infraestruturas, para os próximos sete anos, vão ao
encontro dessas preocupações de trazer o investimento público para próximo das necessidades das empresas
e das famílias, que precisam de atrair ainda mais investimento, de criar postos de trabalho e de ter acesso aos
mercados relevantes mais rapidamente.
O Sr. Deputado Francisco Lopes disse, entre outras coisas, que o Serviço Nacional de Saúde está
abandonado. Sr. Deputado, não tenho tempo para responder a tudo o que me foi perguntado, mas, como já
aqui tinha sido feita uma referência a esta matéria e eu não tinha podido responder, faço-o agora.
Sr. Deputado, o Serviço Nacional de Saúde não ficou de fora da contenção orçamental,…
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas a verdade é que gastámos efetivamente mais com a área da saúde do
que qualquer Governo antes de nós.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Não, não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabe porquê, Sr. Deputado? Vou dizer-lhe: porque tivemos de pagar as
dívidas,…
Vozes do CDS-PP: — Ah!…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ora aí está!