3 DE JULHO DE 2014
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soluções de renegociação da dívida — e de atenuação da sua carga recessiva e social — e garantir na sua
regulação os direitos fundamentais e sociais inclusivos de um Estado de direito.
Os portugueses não podem, Sr.as
e Srs. Deputados, em circunstância alguma, ser chamados a pagar os
custos das atividades opacas, desreguladas e de especulação financeira da banca portuguesa.
E aqui estamos, num País liderado por um Governo que não honra o contrato social para com os
portugueses, que não tem coragem para enfrentar os lobbies de interesses instalados, que não se afirma nas
instituições europeias na recusa de uma política austeritária e que é incapaz de propor uma visão estratégica e
inovadora para Portugal.
Na sua miopia de austeridade, juntaram à crise financeira, a crise económica, a crise social, a degradação
da democracia. Não perceberam que não há legitimidade democrática sem justiça social.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Como nos disse, ontem mesmo, a Cáritas Internacional, sobre o custo
humano da austeridade, «as pessoas pobres pagam para uma crise que não causaram e de que não são
responsáveis».
Aplausos do PS.
Sr.as
e Srs. Deputados, o País está mais pobre, o País está mais endividado, o País está mais desigual e
tem vindo a perder a esperança no futuro com este Governo.
É este o estado da nação em que este Governo deixa Portugal. É este o estado que temos necessidade
urgente de mudar.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Feliciano Barreiras Duarte.
O Sr. Feliciano Barreiras Duarte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as
e Srs. Membros do
Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Este é o primeiro debate do estado da Nação desta Legislatura em que
Portugal já não se encontra sob o Programa de Assistência que o anterior Governo, do Partido Socialista,
solicitou à Comissão Europeia, ao Banco Central Europeu e ao Fundo Monetário Internacional, o que deve ser
enaltecido, com o reconhecimento de que tal se deve à determinação com que o Governo conduziu o nosso
País e também às dificuldades que a generalidade dos portugueses tiveram de passar e que têm percebido
nos últimos tempos que valeu a pena.
Minhas Senhoras e Meus Senhores, os últimos três anos foram anos muito difíceis. Foi um caminho feito
de suor e lágrimas, com muitos sacrifícios económicos e sociais, com uma austeridade que atingiu quase
todas as famílias portuguesas.
E, se hoje podemos olhar para trás e, em cada dia que passa, confirmarmos que o pior já passou, nunca
nos deveremos esquecer o quanto este caminho foi difícil e, por isso, tudo deveremos fazer para evitar que tal
se repita no futuro.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Feliciano Barreiras Duarte (PSD): — Ao atual Governo coube a difícil, e tantas vezes
incompreendida, tarefa de pôr em prática, no nosso País, um programa que se destinou a corrigir a trajetória
de colapso para que a irresponsabilidade dos governos do Partido Socialista arrastaram o País.
Há três anos vivíamos e tínhamos uma sucessão de crises: uma crise nas contas públicas, uma crise na
nossa credibilidade externa, uma crise de falta de confiança nas principais instituições e uma crise de alguns
valores de vida.