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I SÉRIE — NÚMERO 102

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Semearam a ilusão de uma mudança com a saída da troica, mas o que reservam para o futuro está já

desenhado pelo Banco de Portugal para os próximos cinco anos e antes anunciado por Cavaco Silva para os

próximos 20.

É a eternização da política de austeridade e a concentração da riqueza, uma política que fecha as portas à

esperança. Não há futuro com este Governo do PSD/CDS e com um Presidente da República que, abdicando

da defesa da Constituição, fez da política de empobrecimento também o seu projeto para o País.

O estado de degradação económica, social e política a que chegou o País e o futuro sombrio que se

perspetiva para os próximos anos apelam à rutura e à mudança. Há soluções. O País não está condenado a

seguir este rumo de afundamento nacional.

A saída desta situação não se resolve com o consenso entre as forças que conduziram o País ao

precipício. Esta é a falsa saída para mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A saída exige rutura com as políticas hoje seguidas, exige uma

política patriótica e de esquerda como a que o PCP defende e de um Governo que a concretize.

Uma política que dê cumprimento ao projeto de progresso e justiça social que a Constituição da República

Portuguesa consagra e tendo presente os valores de Abril.

Para terminar, deixe-me que lhe diga, Sr. Primeiro-Ministro, que, quando o PCP dá voz aos que nunca

conseguem chegar aqui para se fazerem ouvir, fazemo-lo não para capitalizar mas porque queremos estar do

lado certo, do lado dos que menos têm e menos podem, dos que estão a ser agredidos nas suas vidas por

esta política e este Governo.

É, porventura, mais fácil e rentável estar do lado dos poderosos; é esta a vossa opção — eis a contradição

insanável que existe entre nós, a razão das nossas divergências.

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe

Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as

e Srs. Membros do Governo,

Sr.as

e Srs. Deputados: O debate sobre o estado da Nação deveria ser um debate sobre a realidade, a vida, as

pessoas que realmente fazem parte deste País, mas o Governo transformou o estado da Nação num estado

de negação, tentando transportar a realidade para a sua propaganda.

Percebemos claramente como as pessoas reais não entram nas contas deste Governo. Temos um País

mais pobre, mas o Sr. Primeiro-Ministro não falou da pobreza na sua intervenção inicial, nem sequer fez uma

referência.

Temos um País mais desigual, onde os pobres estão mais reféns da pobreza e o Estado menos os apoia,

mas as grandes fortunas aumentaram nestes três anos de Governo.

Sobre a intervenção do Governo, a palavra que mais registamos e que foi repetida à exaustão foi

«passado». É certo que o Governo tentou arranjar uma narrativa, dizendo que o passado era o projeto da

oposição, mas a verdade é que foi «passado», «passado», «passado» a palavra que o Governo mais repetiu.

E nós sabemos bem que passado é, de facto, o projeto que o Governo traz para o País.

Quando olhamos para os hospitais, olhamos para o regresso ao passado das listas de espera, das pessoas

que desesperam nas urgências; quando olhamos para o estado da educação, olhamos para o regresso ao

passado das crianças que perdem horas nos transportes para as escolas, das turmas superlotadas e da perda

de qualidade no ensino; quando olhamos para a pobreza, olhamos para o regresso ao passado, para aqueles

que já perderam o acesso aos apoios sociais e para um Governo que atirou para fora desses apoios, no

momento da maior crise, 160 000 beneficiários; quando olhamos para o estado dos portugueses que

trabalham, olhamos para uma emigração, que é o regresso ao passado, de mais de 300 pessoas por dia que

saem do nosso País; quando olhamos para a vida das pessoas, olhamos para uma perda de riqueza que nos