3 DE JULHO DE 2014
49
atira para o passado, para o início deste século; quando olhamos para os números do emprego, olhamos para
um número de pessoas empregadas que nos remete para 1997, ainda o século passado, portanto é o
regresso ao passado; quando olhamos para a política deste Governo, vemos que destruiu, desde que tomou
posse, 440 000 postos de trabalho, 407 postos de trabalho por dia. É o resultado da política deste Governo.
Por isso, é muito o descaramento do Primeiro-Ministro que nos vem dizer que tem como projeto o pleno
emprego mas que, depois, apresenta à Assembleia da República e ao País o Documento de Estratégia
Orçamental que diz que, se tudo correr bem, em 2018, teremos uma taxa de desemprego de 13%. Este é o
plano do pleno emprego do Governo: uma taxa de desemprego de 13%, uma emigração massiva, uma queda
dos salários, uma falta de perspetiva de futuro para as pessoas!
Não, Sr.as
e Srs. Deputados da maioria, o regresso ao passado não é uma acusação que possam fazer a
qualquer das oposições. O regresso ao passado é, de facto, a política que este Governo tem levado por
diante. Esta é que é a verdadeira natureza desta política.
Aplausos do BE.
Falemos do objetivo da governação. Dizia-nos o Governo, quando tomou posse, que o grande problema do
País era a dívida e, nessa altura, ela estava em 94% do PIB. Olhemos para o que existe hoje: foi pela mão
deste Governo que a dívida passou de 94% do PIB para 133% do PIB.
O Governo não arranjou qualquer solução, não resolveu nenhum problema, acumulou dívida e mais dívida
e quer que agora sejam as próximas gerações a pagar. Esta é a escolha do Governo: destruição da riqueza,
acumulação de dívida, zero de projetos para o futuro do País.
Mas há uma negação mais deste Governo que se prende com a bomba-relógio que hoje existe no nosso
sistema financeiro. Em nenhum momento, o Governo falou sobre o que aflige as pessoas.
Há ou não um novo BPN a configurar-se no nosso sistema financeiro, agora maior, com um buraco
possivelmente três vezes maior, que dá pelo nome de BES? Há ou não essa bomba-relógio? Sobre este
problema, o problema principal no nosso País, o Governo disse zero, nem uma única palavra.
Há empresas que são utilizadas para pagar buracos de outras empresas, bancos que têm políticas de
crédito de favor em função das famílias dos seus acionistas e sobre esta matéria essencial o Governo nada
disse. O Governo, que aplicou o Memorando e que dizia que um dos seus três primeiros pilares era a
estabilidade do sistema financeiro, não disse nada sobre esta matéria. Como é compreensível, Sr.as
e Srs.
Deputados?! Bem, é mais um exemplo do estado de negação deste Governo e de como o Governo, neste
debate, passou ao lado do que era essencial ao País.
As pessoas não comem propaganda, os salários não são pagos em propaganda, o Governo não cria
empregos com propaganda e não resolve os problemas do País com propaganda, mas a única coisa que o
Governo trouxe a este debate foi propaganda. Percebemos, portanto, por que é este o estado do País: porque
só de propaganda é que vive este Governo!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Primeiro-Ministro dizia, há
pouco, numa resposta a Os Verdes, que nem era tanto uma questão de se sentir vitorioso face à realidade do
País, era mais uma questão de não se sentir derrotado.
Acho que o Sr. Primeiro-Ministro devia olhar para o resultado das últimas eleições. De facto, não deve viver
só de eleições, mas não deve deixar de interpretar os resultados e a mensagem que claramente os
portugueses lhe deram, que foi a de uma brutal derrota da política que este Governo tem implementado.
Depois, é extremamente preocupante a forma como o Sr. Primeiro-Ministro — e desculpe-me a expressão
que vou utilizar — brinca com a realidade. Fazendo o quê? Desvirtuando essa mesma realidade.
Repare que o Sr. Primeiro-Ministro teve o desplante de responder a Os Verdes dizendo que o fosso entre
os mais ricos e os mais pobres não aumentou em Portugal, quando o INE, este ano, nos disse que era