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I SÉRIE — NÚMERO 102

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exatamente isso que tinha acontecido, que o fosso entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres aumentou

devido às políticas implementadas por este Governo.

Portanto, esta negação da realidade não fica bem ao Sr. Primeiro-Ministro, porque ela não se encaixa na

vida concreta que as pessoas vivem no seu dia-a-dia.

Depois, esta negação da realidade, como eu estava a dizer, acontece permanentemente.

Quando viemos aqui, pela primeira vez, denunciar que havia muitas crianças — e eram denúncias que as

escolas nos apresentavam — a chegar à escola sem terem o pequeno-almoço tomado, a primeira reação foi a

de dizer: «não há provas de que isso aconteça».

Quando viemos aqui, pela primeira vez, denunciar que havia estudantes a abandonar o ensino superior,

porque não tinham condições de o pagar, a primeira reação do Governo foi a de dizer: «não há provas de que

isso aconteça».

Quando viemos aqui dizer que as pessoas têm dificuldade, cada vez mais dificuldade, de acesso à saúde,

fundamentalmente os idosos, a primeira reação do Governo foi a de dizer: «isso não é verdade».

E depois ouvimos coisas absolutamente extraordinárias como o Sr. Vice-Primeiro-Ministro dizer, aqui, na

Assembleia da República, neste Plenário, que quem perdeu rendimento social de inserção foi porque tinha

mais de 100 000 euros na conta… Gostava de saber se os portugueses que nos estão a ouvir,

designadamente os que perderam o rendimento social de inserção, se enquadram nesta realidade. Isto é uma

rotunda mentira! O Governo suporta as suas políticas em rotundas mentiras e isso, obviamente, não dá

resultado.

Quando debatemos aqui a questão do aumento do IVA houve Deputados da maioria a dizer,

inclusivamente, que havia estabelecimentos de restauração a mais e que o aumento do IVA era uma forma de

regular o número de estabelecimentos de restauração.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É verdade!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Isto é um absurdo! Aliás, a política deste Governo é um absurdo,

a argumentação é, obviamente, absurda, porque não se consegue sustentar em mínimos padrões de justiça.

Depois, falemos em natalidade. Os senhores podem proferir muitos discursos sobre a vossa vontade de

inverter esta realidade mas o facto é que a baixa da taxa de natalidade é uma questão extraordinariamente

preocupante e não se inverte enquanto as pessoas não conseguirem reganhar esperança no futuro e

condições de vida.

As pessoas que sabem que não conseguem suportar a educação de um filho ou não conseguem criar um

filho optam, com responsabilidade, por não o ter, Sr. Primeiro-Ministro, e isto, de facto, é delapidador, porque o

que o Governo se propõe fazer para os próximos tempos é aplicar mais austeridade, mais aumento de

impostos, corte de salários ou corte de pensões.

Repare, Sr. Primeiro-Ministro, que para as pessoas tanto se lhes dá que o senhor retire por via do aumento

dos impostos ou por via do corte dos salários e das pensões, pois o certo é que as pessoas ficam sempre com

menos. Os senhores fazem sempre esse jogo de que se não é por via da despesa é por via da receita, mas

para as pessoas vem a dar no mesmo.

O que os senhores têm a fazer é repor o que retiraram para que as pessoas consigam reganhar condições

de vida, para, por exemplo, Sr. Primeiro-Ministro, pensarem em ter filhos,…

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr. Presidente.

… ou para serem também agentes redinamizadores da economia, que é uma coisa de que estamos

efetivamente a precisar.

É que o Sr. Primeiro-Ministro, quando faz as suas contas, nunca conta com a riqueza que o País podia

ganhar com a redinamização da economia. E não conta porquê? O senhor não vai ter força nem folego, com

as políticas que está a praticar, para redinamizar a economia e por essa via gerar a riqueza que o País

precisa.