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I SÉRIE — NÚMERO 102

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O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Economia, neste último ano, em que

está no Governo, tem hesitado, nas suas intervenções, entre ser o gestor rigoroso, o político sério que não

abdica das suas ideias e da sua defesa e aquela versão de soldado leal e disciplinado no Governo conjugada

com o comissário político que faz a propaganda e a apologia do milagre económico.

Hoje, estava à espera de um diagnóstico mais rigoroso, de uma análise mais factual da economia, que

salientasse os aspetos negativos e que até dissesse que, em algumas áreas, a coisa já esteve pior e houve

algumas melhorias. Mas, o que tivemos foi uma nova versão do milagre económico, da recuperação da

economia e da economia mais forte e mais saudável.

Sr. Ministro, não percebemos como é que pode dizer isto. Como é que pode dizer que tivemos uma grande

recuperação da economia quando, ao nível do produto interno bruto, nós, em termos de criação de riqueza,

recuámos 13 anos?

Portanto, Sr. Ministro, se quiser fazer uma análise séria e factual, não pode dizer que nos últimos três anos

tivemos uma grande recuperação dos índices da economia.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Não sei como é que o Sr. Ministro pode dizer que temos uma

economia mais saudável, pois quando se debater este assunto seriamente terá de reconhecer que nos últimos

três anos não mudámos o perfil da nossa economia, pelo que continuamos com os mesmos problemas e com

os mesmos desequilíbrios. Portanto, Sr. Ministro, mais uma vez, esta versão do milagre da recuperação da

economia forte e saudável não condiz com a realidade.

Quanto ao desemprego, é verdade e é positivo que a taxa de desemprego tem descido,…

Vozes do PSD e do CDS-PP: — Ah!

O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — … mas, Sr. Ministro, também tem que debater este assunto com

seriedade, como aqui temos feito, e tem de somar a estes valores os valores dos inativos, dos

desencorajados, daqueles que estão em emprego precário, dos emigrantes, pelo que estamos muito longe

daquilo que o País precisa e muito longe de estar satisfeitos, como o seu discurso parece indiciar.

Sr. Ministro, a dívida pública está cada vez pior, os impostos aumentaram, e muito, há cortes nos salários e

nas pensões, as pessoas estão muito pior,…

Vozes do CDS-PP: — Trouxe o discurso escrito de casa!

O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — … portanto, aquilo que cada portuguesa e cada português sente no

bolso não condiz com o milagre económico que o Sr. Ministro anuncia.

Ainda bem que tivemos dados positivos nos últimos quatro meses no investimento privado. Saudamos isso

e saudamos o trabalho das empresas, dos gestores, dos trabalhadores que trabalham nessas empresas.

Mas, Sr. Ministro, não referiu os dados dos últimos dois anos, porque eles são bem negativos. Tanta

diplomacia económica, tantas viagens, tanta propaganda e tão poucos resultados para apresentar!

O tema das exportações já foi aqui muito debatido. Várias vezes avisámos sobre a dependência excessiva

da refinaria de Sines, várias vezes dissemos que o crescimento das exportações era positivo, mas que

estávamos preocupados com a desaceleração das exportações e que era preciso fazer mais. Também aqui

está muito longe do milagre económico que o Sr. Ministro tem anunciado.

Para terminar, gostaria de lhe colocar duas ou três perguntas muito objetivas e muito sintéticas

relativamente a temas que lhe são caros.

Sobre as parcerias público-privadas, falhou mais um prazo. Há dois anos que anda a anunciar os 300

milhões de euros de cortes e até agora zero contratos assinados, zero contratos visados pelo Tribunal de

Contas, zero contratos de renegociações levados a Conselho de Ministros. O último prazo anunciado pelo Sr.

Secretário de Estado e pelo Presidente da Estradas de Portugal era o mês de junho, mas já estamos em julho,

Sr. Ministro, e continua sem nenhum corte.