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I SÉRIE — NÚMERO 102

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O Sr. Ministro da Economia: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, é óbvio que a

austeridade nunca foi um objetivo económico em si mesmo, foi sempre uma necessidade para repor o

equilíbrio das nossas contas públicas, para corrigir défices acumulados durante anos, para reganharmos a

nossa credibilidade, o acesso aos mercados, ao financiamento, e, assim, podermos fomentar, como está

agora a acontecer, uma estratégia de investimento.

Não vale a pena, também, diabolizar as importações, porque nós nunca o fizemos. Uma boa parte do

crescimento das importações, nestes primeiros quatro meses — as importações cresceram 3,4% — deve-se à

importação de automóveis e ao crescimento da importação de máquinas e equipamentos — cresceram mais

de 10% —, o que está ligado diretamente à agenda para o investimento.

Sr.ª Deputada, também não é verdade que as nossas exportações tenham caído nos primeiros quatro

meses do ano; bem pelo contrário, elas cresceram 2% apesar do setor dos combustíveis, pontualmente, ter

tido uma queda, que não foi uma queda módica, de 38%.

Porque acho profundamente injusta essa qualificação que faz das nossas exportações e porque está a

desqualificar muitos empresários e muitos setores da nossa economia, gostaria de lhe dar alguns exemplos:

as viagens e o turismo cresceram, no primeiro quadrimestre, 9%; os transportes, 4%; os veículos, 8%; o

plástico e as borrachas, 11%; o vestuário, 13%; os produtos agrícolas, 9%; os minerais e metálicos, 4%; os

materiais têxteis, 8%; o calçado, 11%; a cortiça e a madeira, 5%; os produtos de ótica e precisão, 16%; os

serviços de informação, 11%; os serviços financeiros, 25%; e os seguros, 16%. Que orgulho eu tenho na

economia portuguesa!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Tenho pena que esse orgulho não seja partilhado pelos partidos da oposição.

Vozes do CDS-PP: — Ah!

O Sr. Ministro da Economia: — Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo, é preciso não ter consciência da

realidade para não verificar com objetividade a mudança substancial de paradigma de uma economia que

estava assente no endividamento sem crescimento. A economia portuguesa vai crescer este ano entre 1% e

1,5%. É pouco para as nossas ambições, mas ainda assim é o triplo do que cresceu na década passada, uma

década que foi dominada por governos do Partido Socialista e onde esteve muitas vezes sentado, ou

apoiando, o atual líder da oposição.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Vozes do PS: — Calma! Não se irrite!

O Sr. Ministro da Economia: — É pouco para a nossa ambição, mas, ainda assim, é o triplo daquilo que a

economia portuguesa cresceu quando o Partido Socialista estava no poder e com uma situação de equilíbrio.

Também há uma mudança de paradigma importante quando verificamos que as nossas exportações

passaram de 28% da riqueza para mais de 41%. E o objetivo do Governo não é ficar nestes 41%, é criar

condições para que a agenda exportadora possa valer mais de metade da riqueza que criamos em Portugal

ainda durante esta década. Aliás, o Banco de Portugal prevê que as exportações portuguesas possam valer

mais de 46%, já em 2015.

Sr. Deputado, perdoe-me, mas é preciso não estar muito atento à realidade para não ter percebido que

houve uma mudança de paradigma substancial quando um défice crónico, o défice externo, que durante os

últimos anos da década passada sempre esteve situado em níveis superiores a 10% do PIB, se corrigiu,

devido, fundamentalmente, ao aumento das nossas exportações, que cresceram 30% em apenas dois anos.

Portugal é um caso de sucesso, de correção do seu défice externo, que passou de menos de 10% do PIB

para um superavit de 3%, durante o ano de 2013, e manteve essa tendência de equilíbrio durante o primeiro

quadrimestre de 2014.