11 DE JULHO DE 2014
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Como podem os portugueses interpretar a menorização que o Partido Socialista fez, e faz, do valor do
consenso, do valor do diálogo, do valor do entendimento e do valor do compromisso?
Sr. Deputado Altino Bessa, finalmente, pergunto como podem os portugueses interpretar a retirada de
confiança que o Partido Socialista faz à Associação Nacional de Municípios Portugueses para que aquela
continue a agir em representação dos municípios portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. António Braga (PS): — Onde é que viu isso?!
A Sr.ª Presidente: — Pelo PS, para fazer perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, esta versão final da proposta do
Governo para a constituição do Fundo de Apoio Municipal é menos penosa do que a proposta inicial do
Governo e muito penosa relativamente à solução financeira defendida pelo Partido Socialista e que seria
aceitável, justa e adequada no auxílio financeiro às autarquias e aos municípios sobreendividados.
O Partido Socialista não desvaloriza o acordo entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios
Portugueses mas reiteramos que esse acordo fica longe daquela que tem sido a solução por nós defendida.
Daí a crítica fazemos a este processo, tanto na generalidade como na especialidade.
Sr. Deputado Altino Bessa, coloco, por isso, algumas questões: o Sr. Deputado não acha que é uma
intromissão na autonomia do poder local obrigar todos os municípios que estejam nessa condição de
sobreendividamento a aderirem ao programa de ajustamento municipal? Não deveria ser essa uma opção dos
órgãos municipais, dos órgãos autárquicos democraticamente eleitos e legitimados pelo voto popular?
Não acha uma intromissão na autonomia do poder local que o programa de ajustamento municipal, que vai
ser obrigatoriamente imposto a esses municípios, aplique uma carga fiscal máxima aos contribuintes
particulares e empresas desses municípios? Por exemplo, IMI ao máximo, derrama ao máximo, participação
variável no IRS ao máximo, taxas de água e saneamento ao máximo, de acordo com as diretrizes da entidade
reguladora, eliminação da concessão de benefícios e isenção de taxas a IPSS? Essa carga fiscal máxima vai
ser exercida nesses municípios obrigatoriamente por parte do Fundo de Apoio Municipal. O Sr. Deputado não
considera isso uma intromissão na autonomia do poder local?
Não considera também problemático e injusto exigir a todos os municípios portugueses que contribuam
para a capitalização de um fundo de 600 milhões de euros, sendo que, como já foi dito há pouco, há
municípios que estão a fazer um esforço enorme para saírem de uma situação de sobreendividamento, para
não serem sujeitos obrigatoriamente ao Fundo de Apoio Municipal, a essa carga fiscal máxima, e que vão ter
de disponibilizar milhões de euros nos próximos anos para capitalizar o Fundo?
Sr. Deputado, diga-nos também é a posição do CDS quanto às propostas que o Partido Socialista
apresentou, em termos de especialidade, para reduzir a taxa de IVA na iluminação pública e também nas
refeições e nos transportes escolares.
Neste momento, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Resumindo, consideramos que esta proposta final do Governo é menos
penosa do que a proposta inicial mas é muito penosa quanto à solução ideal que seria de aplicar como
solução financeira de auxílio às autarquias sobreendividadas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Altino Bessa.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, quero agradecer as perguntas que me foram colocadas.