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11 DE JULHO DE 2014

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Os Deputados Escrutinadores, Maria Paula Cardoso — Pedro Alves.»

Em matéria de expediente é tudo, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos, então, dar início ao ponto primeiro da ordem do dia, que

consta de declarações políticas.

Estão inscritos, pela ordem que se segue, os seguintes Srs. Deputados: Pedro Filipe Soares, do Bloco de

Esquerda, Heloísa Apolónia, de Os Verdes, Ricardo Baptista Leite, do PSD, José Junqueiro, do PS, Altino

Bessa, do CDS-PP, e Paulo Sá, do PCP.

Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A declaração política que o

Bloco de Esquerda traz hoje aqui tem como tema principal a atividade dos donos de tudo isto e como tema

secundário a permissividade de um sistema que permite aos donos disto tudo fazerem o que querem.

Hoje, enquanto temos este debate, as ações do Espírito Santo Financial Group estão suspensas. O próprio

Grupo pediu a suspensão da negociação das suas ações e a CMVM (Comissão do Mercado de Valores

Mobiliários), que detém a responsabilidade de gerir a Bolsa de Valores de Lisboa, pediu a suspensão das

ações do Banco Espírito Santo.

Hoje, percebemos que continua a desmoronar-se o Grupo Espírito Santo, um dos mais importantes grupos

económicos do País, que tem uma ligação a vários Governos deste País.

Ao sistema financeiro tudo foi, e tem sido, possível e, sempre que nos disseram que não, que havia uma

mão forte que conseguia meter a mão na ganância dos banqueiros, nós percebíamos que havia sempre um

banqueiro mais inteligente ou um banqueiro mais esperto que colocava a mão no bolso dos contribuintes.

Percebemos também que, quando nos dizem agora para ter calma, que é diferente o que se passa no

Banco Espírito Santo, que é diferente o que se passa no Grupo Espírito Santo, a cada pedido de calma o fumo

se vai adensando e não nos enganemos, pois onde há fumo há fogo.

Olhemos os números e aquela que é a dimensão do buraco deste Grupo Espírito Santo.

A Espírito Santo Internacional apresenta prejuízo não contabilizado, escondido da contabilidade, de 1300

milhões de euros; um buraco foi algures encontrado no BES Angola, num valor superior a 5000 milhões de

euros; uma das holdings do Grupo, a Rioforte, juntamente com a Espírito Santo International, tem 6000

milhões de euros a vencer nos próximos dias; e o Espírito Santo Financial Group tem, em carteira, dívida do

próprio Grupo Espírito Santo, no valor de 2350 milhões de euros.

Sr.as

e Srs. Deputados, é realmente complicado, é a cascata das participações em participações que

mostra como o Grupo Espírito Santo tira de um bolso para pôr no outro, e vai tirando sempre ao bolso de

todos nós, porque é essa a salvaguarda que procura sempre.

Este era o Grupo do regime. Todos nós nos lembramos como eles participaram nos negócios do regime e

não nos esquecemos da sua proximidade às privatizações, como foram diligentes no tema dos submarinos,

como foram originais e participativos nas PPP, como não deixaram de estar presentes nos swaps e como até

em montado gostaram de negociar tudo, com a panaceia de que estavam cá a defender o interesse do País,

mas, na prática, estiveram a defender o interesse da sua família e sempre, sempre, com uma proximidade

promíscua ao poder político.

Aplausos do BE.

Todos nós conhecemos os membros do Governo que vieram do Banco Espírito Santo, todos nós

conhecemos como os banqueiros, e entre eles Ricardo Salgado, se sentavam às mesas dos vários Governos

e todos nós sabemos como era sempre apresentado este Grupo: o grupo do regime, os donos disto tudo.

De facto, como é possível que os donos disto tudo tenham criado um buraco de 7700 milhões de euros e

ninguém tenha dado por isso?

Como é possível que exista um buraco nas holdings das holdings do Grupo de 7700 milhões de euros e só

agora, quando parece que tudo corre o risco de ruir a qualquer momento, parecem soar os alarmes?

Afinal, onde estava o Banco de Portugal quando o Espírito Santo Financial Group emprestava às empresas

do Grupo e geria o Banco Espírito Santo em função dos interesses da família Espírito Santo? E, nesta matéria,