11 DE JULHO DE 2014
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … onde se encontravam os ativos que poderiam, parcial ou totalmente,
fazer face ao buraco do BPN. A opção, na altura, contrariamente àquilo que o PCP defendeu, foi pôr os
contribuintes a pagar os desmandos daquele Banco.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Ora, perante a situação que está a surgir agora no Grupo Espírito Santo, com
semelhanças ao BPN, pergunta-se o que é que o Governo faz. E o Governo nada faz, o Governo assiste sem
intervir e vai deixando que a situação se deteriore, talvez para, mais adiante, propor que, mais uma vez, os
portugueses sejam chamados a pagar os prejuízos acumulados no Banco Espírito Santo, tal como aconteceu
há uns anos no BPN.
Da parte do PCP, exigimos do Governo e do Banco de Portugal uma intervenção rigorosa e transparente
que salvaguarde o interesse nacional e não uma atitude de silêncio e cumplicidade, determinada pela
subordinação ao poder financeiro. Exigimos uma intervenção que determine o controlo público da atividade do
Banco Espírito Santo e que recuse liminarmente, gostava de o sublinhar, a possibilidade de se vir a repetir
uma situação semelhante à do BPN, em que os portugueses sejam chamados, mais uma vez, a pagar os
desmandos e os prejuízos da banca privada.
Estas são as questões que lhe quero colocar: perante o cenário de desagregação do Grupo Espírito Santo,
concorda que é necessário que o Governo e o Banco de Portugal tenham uma intervenção decisiva nesta
situação? A segunda questão é a de saber se concorda que, perante o cenário que se está a desenrolar, há
necessidade de o Estado garantir o controlo público sobre a atividade deste Banco, recusando — e afirmo-o
mais uma vez — que os contribuintes sejam chamados, no futuro, a pagar os prejuízos que resultem da
atividade deste Banco.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, antes de mais, cumprimento os Srs. Deputados João
Galamba, Duarte Pacheco e Paulo Sá pelas perguntas que fizeram e registo uma ausência de peso neste
debate, que é a ausência do CDS. Tanto ouvimos o CDS falar sobre o BPN e agora que, de facto, há aqui uma
nova matéria que deve preocupar as pessoas, caladinhos, caladinhos, e nem se ouve um «pio» sobre esta
matéria. Bem, parece que, afinal, a Dona Inércia do Banco de Portugal também passa pela bancada do CDS.
Protestos do CDS-PP.
Mas, respondendo às perguntas que foram formuladas pelos Srs. Deputados, começo do final para o
princípio.
O Sr. Deputado Paulo Sá falou em dois pontos que considero os mais relevantes, ou seja, como é que o
Estado deve agir e o que deve defender e se o Governo deve ou não intervir nesta matéria.
Ora, acho que o Governo já interveio nesta matéria e interveio da pior das formas, porque interveio ao dar o
seu aval aos amigos que agora vão para a administração do BES. Veja-se: Vítor Bento passa do Conselho de
Estado, próximo do PSD, aliás, até foi convidado para Ministro das Finanças deste Governo, para a
administração do BES; Moreira Rato sai da presidência do IGCP diretamente para a administração do BES.
Isto para não referir Paulo Mota Pinto, Deputado do PSD, que passa exatamente para a administração do
Banco Espírito Santo.
De facto, o Governo já interveio e diz que devemos estar tranquilos, porque eles já lá meteram os seus
boys, e isto é que não aceitamos. Isto não aceitamos mesmo!
Aplausos do BE.
Protestos do Deputado do PSD Luís Menezes.