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I SÉRIE — NÚMERO 104

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Agora, devo também dizer-lhe, muito diretamente, para ficar claro para quem nos ouve, que creio que este

tem de ser o sentimento de todos nós: nacionalizar prejuízos, nunca! O BES não pode ser um novo BPN e

nisto não entraremos! Não haverá, da nossa parte, dinheiro dos contribuintes para meter num buraco criado

pela família Espírito Santo. Da nossa parte, não haverá dinheiro para isso!

Creio que a intervenção do Deputado Duarte Pacheco, tentando chamar a moderação ao debate e

moralizar o debate não bate certo com a falta de moral da família Espírito Santo. O valor de 7700 milhões de

euros é o valor do buraco! Ricardo Salgado, por exemplo, esqueceu-se de dizer que tinha ganho, em Angola,

8,5 milhões de euros do BES Angola, que tem um buraco de 5000 milhões de euros, e, segundo nos dizem,

havia levantamentos ao balcão de centenas de milhões de euros. Não há moral, nesta história! Por isso, não

vamos agora aqui, do nosso lado, fazer de sensatos e inoperantes. Não! Temos de agir, exatamente para

defender as pessoas! É exatamente por isso que temos de agir! O que não podemos aceitar é ficar parados,

quietos, de mãos atadas, à espera que a bomba rebente no bolso das pessoas. Isto é que não aceitaremos e

esperávamos que o PSD tivesse uma atitude em relação a esta matéria. Lembramo-nos de que, no caso do

BPN, o PSD preferiu condenar o regulador a agir com toda a veemência em relação à administração. E

pergunto: onde tem andado o regulador? O que tem andado o regulador a fazer, para deixar acumular 7700

milhões de euros no buraco deste Grupo?! Creio que esta era a pergunta que todos deveríamos fazer.

Sr. Deputado João Galamba, sobre a questão da alimentação de qualquer histeria, da nossa parte, ela não

existe, mas não escondemos a preocupação que deve existir em relação a esta matéria. Os valores não são

trocos! Não estamos a falar de cafés ou pastéis de nata, estamos a falar de 7700 milhões de euros! Se fosse o

CDS a fazer a pergunta, poderíamos dizer que estamos a falar de qualquer coisa como cerca de 15

submarinos. É só esse valor, 15 submarinos, e isto é que não nos permite estar tranquilos em relação a esta

matéria.

Mas, e creio que foi esta a pergunta que fez inicialmente, na qual o acompanhamos, dizer que não há

qualquer ligação entre a subida dos juros da dívida pública e o que se passa no Grupo Espírito Santo é, por

exemplo,…

O Sr. João Oliveira (PCP): — «Tapar o sol com a peneira»!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … negar a capa do Financial Times do dia de hoje. É que se percebe

que aquilo que está, de facto, a colocar em causa os juros da dívida é a situação no Grupo Espírito Santo.

Por isso, mais uma vez, quanto mais tarde agirmos, mais reféns ficamos do que vai acontecer e pior

ficamos na gestão das contas públicas.

Nessa medida, em defesa das pessoas, não podemos ficar calados e, por isso, foi com toda a seriedade

que trouxemos este repto ao Parlamento.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, conclui-se aqui a primeira declaração política desta tarde.

Passamos à declaração política de Os Verdes.

Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, tem a palavra.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Como todos sabemos, foi

ontem apresentado o relatório preliminar da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde.

Com toda a franqueza, gostaria de dizer aos Srs. Deputados que ainda não nos foi possível ler

detalhadamente o relatório que foi apresentado, aliás, não seria possível, de ontem para hoje, ler

detalhadamente aquelas centenas de páginas. De qualquer modo, já fizemos uma leitura rápida do documento

e já nos foi possível chegar a algumas conclusões ou, pelo menos, suscitar algumas dúvidas que nos surgem

dessa leitura do referido relatório.

Mas, antes disso, talvez seja importante recordar às Sr.as

e aos Srs. Deputados que houve inúmeras

propostas apresentadas aqui, na Assembleia da República, pelo Grupo Parlamentar Os Verdes que incidem

diretamente sobre fiscalidade ambiental que quer o Governo quer a maioria PSD/CDS rejeitaram.