8 DE AGOSTO DE 2014
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, Sr.as
e Srs.
Deputados: BPN, BPP, BCP e agora BES. A pergunta que fazemos é: quantos mais exemplos de fraude, de
especulação e até, em alguns casos, de atuação criminosa, são necessários para que os senhores
reconheçam que a atividade bancária é demasiado importante para estar nas mãos da gestão privada?
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Para que reconheçam que a atividade bancária é determinante para o País, para a vida nacional, e que só
com o controlo público se pode evitar este tipo de práticas?
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Ministra, aquilo que aconteceu agora com o BES confirma o fracasso da
vossa política e da política de anteriores Governos, de liberalização da circulação de capitais, de
«financeirização» da economia, de privatizações, de reconstituição dos grupos económicos e financeiros de
antes do 25 de Abril, que, quando dão lucros, canalizam os dividendos para os bolsos dos acionistas, mas,
quando dão prejuízos, tentam assacar essa responsabilidade aos contribuintes.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Esta, Sr.ª Ministra, pode ser uma política de sucesso para os especuladores,
mas é uma política de ruína e de fracasso para o País e para os interesses nacionais.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Ministra, hoje, não pode sair daqui sem explicar uma contradição, que é
uma contradição da maior relevância.
A Sr.ª Ministra, nesta Assembleia da República, no dia 17 de julho, disse que tudo apontava para que não
fosse necessária uma intervenção do Estado no Banco, mas 15 dias depois está o Estado a intervir no Banco,
e não só a intervir, como a ter uma intervenção decisiva relativamente à situação atual e ao futuro do Banco. A
Sr.ª Ministra tem de explicar, afinal de contas, como é que pode assumir essa intervenção, quando, 15 dias
antes, dizia que nada apontava no sentido de ser necessária essa intervenção. A Sr.ª Ministra falou daquilo
que não sabia? A Sr.ª Ministra foi enganada, porque lhe transmitiram elementos errados relativamente à
situação do Banco? Ou a Sr.ª Ministra sabia e tinha a tal preocupação com o sossego dos mercados, razão
pela qual veio à Assembleia da República enganar os Deputados e enganar os portugueses? Essa
contradição a Sr.ª Ministra, hoje, tem, obrigatoriamente, de a explicar.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma outra questão, Sr.ª Ministra, é relativa à utilização dos fundos públicos.
Está à vista de todos que, nesta solução que o Governo encontrou com o Banco de Portugal, há recurso a
fundos públicos, não só por via do fundo de recapitalização, que é responsabilidade do Estado e, em última
instância, dos contribuintes portugueses, mas também por via da possível participação da Caixa Geral de
Depósitos no capital social do Novo Banco. E a Sr.ª Ministra, hoje, tem de explicar qual vai ser, afinal de
contas, a participação da Caixa Geral de Depósitos nesse capital social.
A Sr.ª Ministra tem de explicar hoje, aqui, qual foi a avaliação de risco que o Governo já fez relativamente a
esta situação e tem de dar garantias de que este não será um processo com um banco que vai estourar,
novamente, nas mãos dos contribuintes. Mas a Sr.ª Ministra tem de fundamentar essas garantias que vai dar
aos portugueses, não pode repetir o que fez no dia 17 de julho. Hoje, queremos que fundamente aquilo que
disser, queremos saber a origem das afirmações que a Sr.ª Ministra vai fazer e queremos saber que
responsabilidades é que o Governo vai assumir no destino deste Novo Banco. É que, Sr.ª Ministra, o Fundo de