I SÉRIE — NÚMERO 2
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Portanto, esse aspeto está perfeitamente contemplado.
Na intervenção da Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, como também na intervenção do Sr. Deputado José Luís
Ferreira, meteu-se no mesmo saco realidades distintas e que nada têm a ver com esta matéria, como sejam
as infrações laborais, o não pagamento da segurança social ou o trabalho sem contrato assinado. Todas
essas realidades são punidas pela legislação portuguesa e nada têm a ver com o trabalho forçado;…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … são punidas e existem os mecanismos sancionatórios, tanto inspetivos
como, posteriormente e na sequência dos mesmos, punitivos, com coimas, com contraordenações e,
inclusivamente, com indiciamento pela prática de crimes penais previstos na lei portuguesa.
Vou dar o exemplo da construção civil.
Neste momento, o dono da obra, o contratante, para levantar a sua licença de construção tem de contratar
uma empresa devidamente licenciada, portanto, há os tais sinais externos de legalidade da empresa. A
empresa tem de estar devidamente licenciada e é essa empresa construtura que se dirige à autarquia, à
câmara municipal, levanta a licença, entrega a sua licença de obra, entrega o seu seguro de obra, que cobre
acidentes dos trabalhadores que lá estão, mas também de terceiros que possam ser feridos em consequência
da obra e, portanto, corre por conta da entidade da empresa que realiza a obra assegurar que toda a
legislação em vigor é cumprida.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Transferir essa responsabilidade, mesmo por via solidária, para o dono da
obra, iria implicar que qualquer empresa, qualquer entidade, qualquer pessoa singular contratante era
obrigada a, previamente a contratar, estar a esmiuçar a vida interna daquela empresa,…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E bem!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … trabalhador a trabalhador, o que iria criar um clima de desconfiança
entre as partes e paralisar a atividade económica, porque ninguém ia querer correr o risco de contratar uma
empresa que não tinha segurança, nem podia ter, porque, não sendo a própria empresa e não sendo uma
autoridade com meios e poderes de fiscalização, nunca pode ter a certeza de que aquela empresa está a
cumprir integralmente a lei.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, já ultrapassou o tempo de que dispõe.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Concluo já, Sr. Presidente.
Portanto, com a devida desculpa e realçando a seriedade deste tema, o Bloco de Esquerda deveria ter-se
focado no essencial, que são os mecanismos de fiscalização inspetiva e de punição consequente.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Estou a concluir, Sr. Presidente.
Aliás, queria dizer que os exemplos que os senhores aqui deram são conhecidos precisamente porque
aquilo que a lei prevê, que é a inspeção, funcionou (a ACT, o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteira), etc.)
e puniu. Deve concentrar-se no reforço desses mecanismos e não na alteração de uma legislação que já
existe.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.