18 DE SETEMBRO DE 2014
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá, do
PS.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista saúda esta iniciativa do
Bloco de Esquerda pela oportunidade e pela importância desta questão.
Nós, PS, entendemos que é, efetivamente, necessário o reforço dos mecanismos de responsabilização
solidária nos casos de utilização dos trabalhadores temporários e também entendemos como muito importante
o reforço da ideia de que toda a cadeia de contratação deve ser responsabilizada solidariamente — é algo que
introduzimos neste debate e é um desafio que deixamos ao Bloco de Esquerda e aos outros grupos
parlamentares para que se dê mais eficácia —, porque esta ideia de responsabilidade solidária em cadeia é
cada vez mais fundamental nesta teia de relações de contratações e de subcontratações.
Os problemas de incumprimento graves e de violações dos mais elementares direitos da dignidade
humana, casos aqui relatados como os que sucederam na agricultura ou, até, na construção civil de exemplos
que nos chegam todos os dias têm de ser mais eficazmente combatidos com esta ideia da responsabilidade
solidária e em cadeia. Aliás, com sucesso em outras intervenções legislativas e que, efetivamente, deram bons
resultados.
O Partido Socialista considera que estas propostas carecem da devida discussão pública — que não foi
feita —, carecem de ir à concertação social para terem mais eficácia e mais abrangência com os parceiros
sociais.
Termino com duas notas.
Não podemos «meter a cabeça na areia», não podemos deixar de assumir que existe um risco atual
grande com o modelo económico seguido pelo atual Governo, que permanentemente, no nosso entender,
ameaça o trabalho digno e, portanto, ameaça os direitos e as condições dos trabalhadores portugueses e dos
trabalhadores não portugueses a trabalhar no nosso País. Daí que devamos fazer este debate, não podemos
continuar a assobiar para o lado.
Mas ainda bem que o Sr. Deputado Artur Rêgo, do CDS, falou aqui — e tomei nota das palavras e
comungo do significado das mesmas — de punição, de prevenção e de inspeção — repito, punição,
prevenção e inspeção.
Efetivamente, o Governo tem prestado um muito mau serviço à Autoridade para as Condições de Trabalho,
cujo inspetor aqui, numa audiência, denunciou, desde logo, a falta de gasóleo para os carros se deslocarem
em atividades inspetivas.
Agora, existem rumores — e é oportuno aqui dizê-lo — de que o Governo deu instruções às direções-
gerais e às inspeções-gerais da Administração Pública — de que, certamente, a ACT também foi alvo — para
despedir 12,5% dos seus funcionários.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
E, no panorama da justiça relativamente à eficácia punitiva, o Citius fala por si.
Desafio os Grupos Parlamentares do PSD e do CDS a garantir que, pelo menos na ACT, não vai haver
despedimentos, para garantir a eficácia nesta matéria, e que o Citius, algum dia, há de funcionar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Clara
Marques Mendes, do PSD.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta matéria, que
estamos aqui, hoje, a debater e que versa sobre os Direitos Humanos, sobre a luta por um trabalho digno e o
combate ao trabalho forçado, é, para nós, de extrema importância. Mas não é apenas para esta bancada