20 DE SETEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, peço que respeitem os tempos de intervenção.
Para apresentar o voto do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.a Presidente, Srs. Deputados: As revelações verificadas nas últimas
semanas da atividade do denominado Estado Islâmico ISIS, mostrando exemplos de extrema violência, de
uma barbaridade sistemática, envolvendo execuções em massa, algumas das quais filmadas e usadas como
expressão de abjeta propaganda, com a sua enorme gravidade, são a face mais visível de uma prática
continuada ao longo de anos, designadamente na ação terrorista deste e de outros grupos contra o Estado
sírio, com a complacência e o apoio dos EUA e dos seus aliados.
De facto, tais práticas e o quadro geral da situação no Iraque e na Síria não podem ser dissociados de
anos de ingerência, desestabilização e agressão à Síria por parte dos EUA e dos seus aliados na NATO e na
região e que estão na génese da criação, do apoio, do financiamento, do armamento e instrumentalização dos
grupos que espalharam o terror e perpetraram os mais hediondos atos contra a população síria, como aqueles
que se reúnem em torno do denominado ISIS, que, depois de financeira e militarmente reforçados, são agora
utilizados para perpetrar o terror sobre a população.
Os Estados Unidos e os seus aliados apontam agora como grupos terroristas e como representando uma
maior ameaça os mesmos grupos que, ativamente, promoveram e apoiaram, avançando para uma nova
escalada militarista que, entre outros graves aspetos, lança uma ameaça direta contra a soberania e a
integridade territorial da Síria e coloca sérias questões quanto ao futuro do Iraque.
É por isso que não podemos acompanhar a alínea b) do voto apresentado pelo PSD, pelo PS e pelo CDS.
Não se podem combater esses grupos terroristas insistindo nas práticas que os criaram e fortaleceram.
Assim, o PCP manifesta o seu repúdio e a sua total condenação pelos atos terroristas e a barbaridade
exercida pelo chamado ISIS na Síria e no Iraque.
O PCP manifesta o seu repúdio e a sua total condenação de todas as formas de terrorismo, incluindo o
terrorismo de Estado, e o seu pesar pelas suas vítimas.
O PCP manifesta o seu pesar pelas vítimas das agressões dos Estados Unidos e dos seus aliados e da
ação terrorista dos grupos por estes apoiados.
O PCP manifesta a necessidade de apoio aos países atingidos pela barbaridade da ação destes grupos e
repudia que, a pretexto do seu combate, se desenvolvam processos de ingerência, agressão e guerra,
designadamente contra a Síria e o Iraque.
Por fim, o PCP manifesta a sua solidariedade para com todos os povos vítimas da ingerência e da
agressão no Médio Oriente, nomeadamente ao povo palestiniano, vítima da ilegal ocupação e opressão de
Israel.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Pisco.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Todas as formas de terrorismo
merecem uma condenação muito veemente, mas a expansão do terrorismo protagonizado pelo Estado
Islâmico deve, além disso, fazer disparar todos os sinais de alarme.
O aparecimento do Estado Islâmico resulta de um caos muito perigoso de guerra regional,
fundamentalismo islâmico, decomposição de Estados e interesses desencontrados. É uma mistura explosiva e
com consequências muito imprevisíveis.
O mundo já vinha assistindo, mais ou menos impávido, à barbárie que tem assolado a Síria e à progressiva
desintegração do Estado no Iraque, designadamente por causa dos conflitos inter-religiosos e também da má
governação.
A verdade é que estes grupos de jihadistas na Síria e no Iraque conseguiram afirmar-se pelo terror, reunir
os meios para exercer o seu poder e ocupar uma parte considerável de território daqueles dois países,
redesenhando novas fronteiras, ameaçando outras e proclamando a criação de um califado. São das forças
mais sanguinárias que se conhecem: chacinam populações, decapitam reféns, raptam e fazem extorsão.