25 DE SETEMBRO DE 2014
41
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Estes territórios têm recursos próprios que são necessários e relevantes
para o todo nacional e que podem e devem ser mais valorizados e capitalizados no desenvolvimento local.
A valorização económica destes recursos reclama uma estratégia de desenvolvimento que estimule uma
interação da economia com o território; o reforço da atratividade e da competitividade territorial e urbana; o
reforço e a valorização do capital e dos recursos humanos; o reforço do modelo de prevenção e proteção
social; a criação de condições que assegurem a igualdade de oportunidades no acesso a bens e serviços
públicos fundamentais.
Sr.as
e Srs. Deputados, termino reafirmando que o reforço da coesão territorial é um objetivo nacional e
europeu.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, peço-lhe que termine.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Quatro décadas depois do 25 de abril, Portugal tem de prosseguir e
acelerar o combate por um desenvolvimento mais equilibrado do seu território e por uma efetiva igualdade de
oportunidades a todos os seus cidadãos. Um combate que permita conter e minimizar a regressão
demográfica, social e económica de uma parte significativa do seu território e que afaste do horizonte o
cenário inaceitável de um país polarizado entre um interior abandonado e um litoral congestionado.
Mas só será possível contrariar este cenário com um modelo de desenvolvimento que valorize
economicamente os recursos e as competências destes territórios, criando e fixando valor e emprego e
devolvendo às suas populações a esperança no futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs.
Deputados Hélder Amaral, do CDS-PP, Agostinho Santa, do PS, Paula Santos, do PCP, e Cecília Honório, do
Bloco de Esquerda.
Uma vez que responderá a grupos de dois, tem, desde já, a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Leite Ramos, começo por felicitá-lo
pelo tema que aqui trouxe. Se há preocupação que devemos ter é, de facto, com o nosso território, com a
forma como o ocupamos, a forma como olhamos para ele, a forma como somos capazes de perceber as suas
potencialidades e como conseguimos, ou não, ser eficazes com as políticas que possam fazer a inversão
daquilo que temos identificado.
O Sr. Deputado disse, e bem, que é matéria que leva tempo, que precisa de ponderação, que precisa de
responsabilidade e que precisa de consensos.
Poderemos todos estar de acordo ou em desacordo com as políticas feitas até agora, mas há uma coisa
que não podemos permitir: é que não haverá sucesso em políticas do território sem responsabilidade e sem
consenso. E ter o maior partido da oposição, antes mesmo de discutir as propostas e as políticas, a dizer:
«Bom, se um dia…» — e queira Deus que seja muito tarde ou mesmo nunca! — «… elegermos o Primeiro-
Ministro, a primeira coisa a fazer é reverter tudo o que está a ser feito, abrir serviços que estão a ser
fechados», e isto sem nenhuma ponderação, sem nenhuma explicação, sem nenhuma avaliação, é
demagogia e irresponsabilidade, as quais devem ser afastadas desta discussão. É importante deixar esta
nota.
O Sr. Deputado disse uma coisa importantíssima, talvez mais cara para as populações do interior: o interior
é solidário com o bem comum do País como um todo.
O processo e as concessões de exploração de recursos, nomeadamente recursos energéticos minerais,
têm sido, muitas vezes, uma penalização para o interior, ou seja, o interior apanha com as limitações
ambientais, com as restrições da requalificação do território, recuperação urbana, etc., e depois o benefício
desses recursos vem, normalmente, para o litoral. Eu não digo que não tenha de ser assim, tem é que haver
uma repartição justa, equilibrada e equitativa para que quem sofre com os problemas e as consequências da
exploração desses recursos possa também beneficiar, nomeadamente em termos de distribuição equitativa
fiscal.