I SÉRIE — NÚMERO 7
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Há quem desvalorize e apresente quase como se fossem os «fantasmas» da defesa da família, do
trabalho… Bom, são, de facto, para o CDS valores muito relevantes, Sr. Deputada Mariana Mortágua, e
estamos absolutamente seguros de que esta não é uma questão partidária de combate político; é uma
questão muito relevante para todos os portugueses.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Para queles que perguntam — e vou terminar, Sr. Presidente —,
tal como Sr. Deputado José Luís Ferreira o fez, por que razão só agora o aumento do salário mínimo nacional
depois de quatro anos de congelamento, direi que, depois de quatro anos de congelamento, depois do
Memorando, depois da troica, depois de muitos sacrifícios que os portugueses tiveram de fazer pelo
Memorando e pelo facto de termos sido obrigados a ter a troica em Portugal, a verdade é que já
ultrapassámos a fase em que para termos qualquer moderação fiscal tínhamos de pedir licença à troica. E isso
sabemos todos por causa de quem e de que políticas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Por isso, queria dizer que é agora, porque agora há mais
crescimento económico do que havia há um ano; é agora, porque já não temos troica; e é agora, porque no fim
destes sacrifícios é preciso também começar a dar esses sinais.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo
Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, relativamente ao salário mínimo,
tenho de lhe dizer que os senhores têm de assumir a responsabilidade pelos prejuízos provocados aos
trabalhadores pelo adiamento, durante anos, do aumento do salário mínimo nacional.
Os senhores têm ainda de assumir a responsabilidade por terem proposto como moeda de troca a
descapitalização da segurança social para pagarem parte deste aumento; têm de assumir a responsabilidade
pelo sectarismo revelado ao afastarem da discussão a maior central sindical, a CGTP-Intersindical; e têm,
ainda, de assumir a responsabilidade por terem feito um aumento insuficiente e por terem criado condições
para dificultar o aumento ou para impedir esse aumento, no futuro.
Disse o Sr. Deputado que o salário mínimo nacional ultrapassou a barreira dos 500 €. Bom, em termos
líquidos, o salário mínimo nacional será de 450 € e é um dos mais baixos da Europa.
Relativamente à reforma do IRC, o Sr. Deputado, já num clima de campanha pré-eleitoral, também veio
aqui falar disso com um objetivo em mente: esconder a verdadeira natureza da política fiscal do Governo, uma
política de ataque aos rendimentos de quem vive do seu trabalho, uma política baseada num autêntico saque
fiscal, em sede de IRS, a quem vive do seu trabalho, os trabalhadores. Os dados da execução orçamental,
recentemente apresentados, até agosto deste ano, são bem reveladores desta política.
E, Sr. Deputado, vou mostrar-lhe um gráfico da evolução do IRS ao longo deste ano — e são dados oficiais
da execução orçamental — onde podemos ver que, de janeiro a agosto, o IRS cobrado aos trabalhadores foi
sempre aumentando e, em agosto, já era 11,8% superior ao que foi cobrado em igual período do ano passado.
É esta a política fiscal do Governo em sede de IRS.
Perguntamos agora: e em sede de IRC? Como é que evoluiu o imposto dirigido aos lucros das empresas
nos oito meses deste ano? E mostro-lhe também o gráfico, Sr. Deputado, onde se poderá ver que não houve
um aumento, houve, sim, uma diminuição todos os meses. De janeiro a agosto, o IRC cobrado às empresas
diminuiu e, em agosto, de 2014 era já 4,3% inferior ao que foi cobrado no ano passado.
Estes dois gráficos são ilustrativos: o IRS aumenta e o IRC diminui. Os impostos cobrados aos
trabalhadores pelos seus rendimentos aumentam e os impostos cobrados aos lucros das empresas diminuem!