I SÉRIE — NÚMERO 10
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A primeira pergunta da Sr.ª Deputada Mónica Ferro entronca um pouco numa acusação recorrente que é
feita, de desresponsabilização. Não vejo, muito francamente, qualquer desresponsabilização, posso ver algum
desprendimento,…
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Ah! Desprendimento…
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — … que é uma coisa que, às vezes, é estranha a alguns atores
políticos; agora, a questão da desgovernamentalização tem a ver com o abrir mão de uma tentação que
corroeu muito do passado no País e que este Governo teve coragem de fazer. Mas não considero a Sr.ª
Deputada nem nenhum Deputado desta Casa com qualquer tipo de menoridade, para que, ao exercer a tutela
sobre o Conselho Geral Independente, haja qualquer tipo de desresponsabilização, para entender que o poder
da RTP caiu na rua, que está sem controlo ou o que quer que seja.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Não ouviu o que eu disse!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — O Conselho Geral Independente deixa de ter uma RTP a responder
ao Governo e passa a ter uma RTP a responder a si próprio, que, por seu lado, responde a todos os partidos
que representam todos os portugueses nesta Assembleia.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — O Governo é que já não responde a ninguém, e isso é que é grave!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Quanto à segunda pergunta, Sr.ª Deputada Mónica Ferro, e ainda
bem que a formulou, a RTP2 é uma marca fortíssima do operador público de rádio e televisão em Portugal. Se
as pessoas não veem, se não percebem, se dizem que é catastrófico, não sei, mas dizer que é catastrófico e
ver parece-me uma falta de conhecimento daquilo que é a operação e o serviço público em Portugal, dizer que
é catastrófico sem ver é uma irresponsabilidade política. Portanto, dos dois lados estamos mal e, de facto, só a
silly season ou alguma leveza exagerada pode trazer afirmações deste género.
Agradeço, novamente, à Sr.ª Deputada Inês de Medeiros, pois gostei, desde o início, do seu pedido de
esclarecimentos, porque, de facto, começou-o fugindo-lhe a boca para a verdade.
Agora, primeiro, Sr.ª Deputada, o CDS fala do que entende falar, tal como o PS,…
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Ora essa! Eu só me interroguei da oportunidade!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — … e, se o CDS entende falar de boas notícias, também fala de boas
notícias, Sr.ª Deputada!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — A agenda do CDS não é o Partido Socialista nem a Sr.ª Deputada
que a determinam!
O Sr. João Oliveira (PCP): — São as eleições!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Mas faço minhas as suas palavras, Sr.ª Deputada: ainda bem que
trouxemos boas notícias, ainda bem que temos boas notícias para dar ao País.
Lamento se a Sr.ª Deputada se incomoda com essas boas notícias.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — É só isso?! E o resto?!