I SÉRIE — NÚMERO 12
22
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Quem vem à Assembleia da República dizer: «Nada de tribunais!», é
o Primeiro-Ministro. Entendam-se!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Em relação a esta matéria, queria dizer que o problema não foi só o
erro, não foi só a ofensa aos direitos da comunidade educativa, aquilo que os senhores estão a fazer é ofender
a dignidade dos professores, dos trabalhadores não-docentes, das famílias, dos alunos, com coisas que são
da sua responsabilidade, e, naturalmente, não têm o direito de vir ofender a dignidade dessas mesmas
pessoas.
Aplausos do PCP.
Voltando aos casos, temos os escândalos na justiça, nos apoios sociais, ou na falta deles; os escândalos
na finança e há também as dúvidas e as suspeições que resultam do seu não esclarecimento em relação à
Tecnoforma.
Quero dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, e olhe que é um conselho avisado, que as dúvidas e a suspeição
muitas vezes moem mais do que o apuramento da verdade. Fazia bem dar esse esclarecimento cabal. E é
neste quadro que poderíamos dizer: cada tiro, cada melro!, por parte deste Governo.
Agora, é a PT, uma empresa estratégica nacional, que corre o risco de ser destruída com a sua venda aos
franceses da Altice, ou sabe-se lá a quem. Estão a vender tudo ao estrangeiro! Tudo é comandado do
estrangeiro e dirigido à obtenção do lucro acionista, seja em que parte for do planeta. A PT é mais um exemplo
da materialização de todo este engano.
Sr. Primeiro-Ministro, há um mês consumou-se um negócio desastroso: a fusão da PT com a brasileira Oi.
Foi um negócio ainda muito pior do que se previa há um ano, com a parte portuguesa do bolo a ser
profundamente desvalorizada na sequência da derrocada do Grupo Espírito Santo. Mais de 10% do capital da
PT pertencia ao BES, que foi assim herdado pela administração do Novo Banco, que, segundo sabemos, está
sob o controlo do Estado. E esses 10% tiveram a palavra determinante, na assembleia geral da PT, para a
decisão de avançar para a fusão, foram uma peça-chave no avanço da fusão, uma fusão que, dada a
presença do Estado no capital do Novo Banco, poderia ter decidido de forma a assegurar os interesses dos
portugueses e dos próprios trabalhadores da PT. Agora é o que se sabe e a ameaça está aí. Como é isto tudo
possível?!
Sr. Primeiro-Ministro, não vale a pena persistir na responsabilidade do Partido Socialista no passado. É
verdade! Tem toda a razão em relação a isso! Mas um erro não se resolve agravando-o e aquilo que os
senhores estão a fazer é lavar as mãos como Pilatos! Então, aqui não há o interesse nacional?! Ou o interesse
nacional é só cortar nos salários, nas pensões, nas reformas?!
Aplausos do PCP.
É só prejudicar os portugueses?! Aqui não há interesse nacional, Sr. Primeiro-Ministro?!
Aplausos do PCP.
Creio que era importante um esclarecimento mais cabal, porque estamos a falar de facto do interesse
nacional correlacionado com a PT.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, em primeiro lugar, quero
dizer-lhe que não há nenhuma ofensa à dignidade das pessoas.