I SÉRIE — NÚMERO 17
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filhos não foram estudar, não seguiram outra profissão, porque, tendo ali aquela exploração, se dedicaram à
agricultura.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — Por isso, ao retirar-se a parcela àqueles rendeiros, é toda uma família que se
está a colocar fora. E dos cerca de 50 rendeiros que existem naquela Herdade, 44 vivem exclusivamente da
exploração agrícola e da atividade agrícola, pelo que, ao saírem de lá, ficarão sem meio de subsistência.
O PCP já apresentou um projeto de resolução que deu entrada esta semana na Assembleia da República.
O que pretendemos é que não sejam aplicados os critérios de reforma para a rescisão dos contratos, que seja
possível a passagem dos contratos de pais para filhos, para os descendentes, como, aliás, já aconteceu com a
mesma lei, e que se suspenda imediatamente este processo.
Relativamente aos baldios, também referidos pelo Sr. Deputado, é verdade que eles sofreram um ataque,
nomeadamente possibilitando a sua entrada no comércio jurídico, e também alterando a definição de
compartes que cria muitos problemas na gestão dos baldios. Isto tudo como forma de ataque àquela que
também foi uma conquista do 25 de Abril, porque foi com o 25 de Abril que os povos recuperaram a gestão
dos seus baldios.
Mas vamos aguardar e vamos acompanhar este assunto. O Governo prepara-se para mais um ataque.
Neste momento, os baldios significam 90 000 ha de apoios à agricultura, que podem ser utilizados por muitos
pequenos agricultores para receberem apoios, e o Governo também se prepara para retirá-los
substancialmente nestas áreas, com mais um ataque aos pequenos agricultores.
Por último, quanto à pesca à sardinha, referi na minha intervenção o que considerava relativamente às
preocupações nesta matéria. Um dos problemas que temos é com a investigação e com a utilização dos
dados científicos nesta matéria.
Mas, no próximo mês, teremos oportunidade de ouvir, nesta Sala, pelo terceiro ano consecutivo, o Governo
anunciar-nos que comprará o navio Noruega para a investigação científica — é o terceiro ano consecutivo que
o Governo virá dizer-nos isto.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Ramos (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Ora, este facto, associado à forma como tem tratado os investigadores, diz muito sobre a perspetiva deste
Governo relativamente à investigação. E, nesta matéria da sardinha, precisávamos de ter investigação
científica séria para tomar decisões.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, terminado o ponto da ordem do dia destinado às
declarações políticas, vamos passar ao segundo ponto, que consta da apreciação do Relatório Anual de
Segurança Interna 2013.
Para apresentar o Relatório, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.
O Sr. Ministro da Administração Interna (Miguel Macedo): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados:
Queria começar por cumprimentar as Sr.as
e os Srs. Deputados. Nesta curta intervenção sobre o Relatório
Anual de Segurança Interna (RASI) relativo ao ano de 2013, queria começar por destacar que o resultado
global deste relatório permite concluir que o País continua numa trajetória sustentada de decréscimo da
criminalidade participada. Esta trajetória, que, de resto, se iniciou em 2008, é da maior relevância para o País.
Quero ainda acrescentar que os dados que conhecemos, que, como é evidente, são ainda parciais e
preliminares, relativos aos três primeiros trimestres de 2014, autorizam que possamos aqui dizer que esta
trajetória, durante este período, continua neste exato sentido.