I SÉRIE — NÚMERO 17
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O Sr. José Magalhães (PS): — Notem!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Sr. Ministro da Administração Interna, saudamos e congratulamo-nos
com a descida generalizada da criminalidade participada.
É bom termos presente que cada crime, cada sinistro, cada acidente rodoviário é, em si, um drama pessoal
e que, portanto, não podemos deixar de, perante todas e cada uma dessas vítimas, referir esse facto, mas,
obviamente, tendo isso presente, saudamos essa diminuição.
Manda a honestidade intelectual — já o referi por várias vezes nesta Casa — que o aferimento dos índices
de decrescimento ou de crescimento da criminalidade se faça em espaços temporais suficientemente largos e,
portanto, não podemos ainda, com seriedade, comprovar essa diminuição, mas registamo-la como positiva.
Porém, podemos desde já dizer que registamos como assente a diminuição da sinistralidade rodoviária para
taxas inferiores a metade daquelas que ocorriam há cerca de 10 anos.
O Sr. Ministro, no RASI, desce a um grau de pormenorização, de detalhe, que nos permite saber, por
exemplo, a páginas 24, que um placard de 2mx3m, para a GNR de Palmela, custou 221,40 €.
Sabemos também, porque V. Ex.ª partilhou connosco, as vicissitudes da Operação Azeitona Segura, mas
V. Ex.ª omite, no RASI de 2013, ao contrário de relatórios anteriores, o número de elementos das forças de
segurança que saíram do ativo.
Ainda assim, Sr. Ministro, através de cotejo entre o RASI de 2013 e o RASI de 2012, percebemos que de
um ano para o outro o número de elementos em funções policiais foi reduzido em 1386 — havia 43 896, em
2012, há 42 510, em 2013. Portanto, menos 1386 do que em 2012.
Questionamos: porquê a omissão, neste Relatório, de um elemento tão relevante, contrastando com outros
cuja relevância é discutível? Talvez, Sr. Ministro, para não embaraçar o agora líder da bancada parlamentar do
PSD, Sr. Deputado Luís Montenegro, que, na oposição — e estão aqui as atas —, perorava constantemente
contra a carência de efetivos policiais. Mas, provavelmente, mais para não embaraçar o irrevogável Vice-
Primeiro-Ministro, Paulo Portas, que, a 17 de abril de 2009, histrionicamente, nesta Sala proclamava, e cito:
«Sr. Ministro, a PSP está dramaticamente sem efetivos».
Ora, a diferença entre o ano 2009, em que a PSP tinha 22 460 efetivos, e 2012, que é a data do último
balanço social aprovado (aliás, o Sr. Ministro ainda não aprovou o balanço de 2013), é de menos 1442
efetivos.
O Sr. José Magalhães (PS): — Ora aí está!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — E, se somarmos, como refiro, esses menos 1386, Sr. Ministro, onde vai
o drama de ontem que se transformou em mudez de hoje?!
Sr. Ministro, estará seguramente recordado que a sua primeira intervenção como Ministro da Administração
Interna, neste Plenário, foi, curiosamente, para apresentar o RASI de 2010. Tive a oportunidade, então, de lhe
desejar felicidades porque o sucesso do Ministério da Administração Interna, atenta a natureza da pasta, seria
o sucesso do País e, com todo o gosto, saúdo-o hoje, Sr. Ministro da Administração Interna, pela
apresentação do RASI de 2013. Como, na altura, dizia o Sr. Ministro, a saber, que o RASI de 2010 «mostrava
resultados globalmente positivos» — a frase é sua e a citação refaço-a agora —, constatamos agora que a
criminalidade permanece de modo a solidificar esse princípio, ou seja, os resultados são globalmente
positivos.
Sempre o dissemos e continuamos a dizer: Portugal é um País seguro e, Sr. Ministro — e com isto concluo
—, temos de criar condições para que Portugal, tendo sido, sendo, possa continuar a ser um País seguro,
sendo certo que temos de o dotar de meios para que assim possa suceder.
Portanto, Sr. Ministro, a sua primeira intervenção neste Plenário como Ministro foi a apresentação do RASI
e esta é a última apresentação de um RASI, porque é natural que seja o seu testamenteiro — testamenteiro
político, bem entendido — a apresentar o RASI de 2014, que espero seja auspicioso.
Portanto, com esta saudação, concluo, Sr. Ministro, e, porque me recordo que, na altura, tive oportunidade
de também saudar o então Secretário de Estado Filipe Lobo D’Ávila, que agora regressou ao Plenário,
aproveito para o saudar também agora.