I SÉRIE — NÚMERO 17
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sei se se lembram mas em 2011 não havia dinheiro para o gasóleo e agora investimos 3,6 milhões de euros
para a renovação do parque automóvel!
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Bem lembrado!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Concluindo, Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Portugal tem razões para
continuar a granjear um grande prestígio internacional em matéria de segurança interna. O Governo é,
naturalmente, responsável por isso, mas os homens e as mulheres que estão no terreno são aqueles que hoje,
aqui e agora, merecem uma palavra de justo reconhecimento e agradecimento pelo que têm feito a bem de
todos nós.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.
Sr.ª Deputada Cecília Honório, faça favor.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados:
Começo por cumprimentar os membros do Governo.
Nesta intervenção, deixo duas notas, uma de dúvida e outra de preocupação relativamente a alguns dados
do RASI 2013.
A dúvida reporta-se ao futuro destes dados. Importa saber se a segurança interna do País continuará a
preservá-los face ao corte do orçamento da segurança interna, que é de 4,2%, quando já temos alguns
responsáveis pelas forças de segurança denunciando que a segurança dos cidadãos pode estar em causa.
Esta é a dúvida.
A preocupação e a proposta de reflexão reportam-se aos dados que apontam, claramente, para uma
redução da violência e dos crimes fora das quatro paredes, mas que, ao mesmo tempo, apontam para um
reforço da violência e dos crimes dentro das quatro paredes ou muito perto das quatro paredes.
É certo, Sr. Ministro, que todos nós assumimos a satisfação face aos dados que apontam para a
diminuição da participação dos crimes desde 2008. As participações criminais atingiram o valor mais baixo da
década, é certo, diminuiu a criminalidade violenta e grave e 2013 reconhece a mais baixa taxa de
sinistralidade rodoviária das últimas décadas. Do nosso ponto de vista, são aspetos francamente positivos.
O que nos preocupa — e agora, sim, deixamos a preocupação e a proposta de reflexão — é o seguinte: se
diminuem as participações relativamente aos homicídios voluntários consumados, a fatia mais pesada
continua a recair sobre o homicídio conjugal passional, que regista 26,7%, e os números, este ano, continuam
a ser alarmantes.
A violência doméstica é o quarto crime mais participado e é, tal como o furto de oportunidade, o único crime
cuja participação sobe face ao ano de 2012 — mais de 3,1% —, quando foram assassinadas 30 mulheres e 10
homens nesse mesmo ano.
Por outro lado, gostaria de chamar a atenção para o facto de os crimes sexuais, que têm claramente uma
componente de género, conhecerem, do nosso ponto de vista e face aos inquéritos entrados, um agravamento
relevante: 1277, relativamente ao abuso sexual de crianças, mais do que em 2011 e do que em 2012. É um
crime maioritariamente cometido em contexto familiar ou em relações de conhecimento.
A violação aumentou face a 2011 e a 2012 e a mesma constante: um crime maioritariamente praticado em
relações de conhecimento ou dentro da família.
O mesmo acontece relativamente à coação sexual, que também aumentou face aos anos anteriores.
Do nosso ponto de vista, a violência doméstica e estes crimes denunciam um potencial agravamento da
violência de proximidade.
Sr. Ministro, a nosso ver, a definição de prioridades deve ser mais clara, nomeadamente em relação ao que
está previsto para o próximo ano no Relatório Anual de Segurança Interna, desde o reforço do policiamento de
proximidade e de confiança — e quero registar que os contratos locais de segurança têm uma breve referência
no RASI, sem qualquer espécie de avaliação de fundo — ao reforço da prevenção e da proteção destas
vítimas. Esta é uma enorme preocupação para nós.