I SÉRIE — NÚMERO 17
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … e, ao mesmo tempo, a descida percentual mais significativa desses
últimos10 anos.
Vou dar o exemplo de matérias sobre as quais o CDS muito falou, que muito nos preocuparam e para as
quais muito alertámos: crimes de roubo a ourivesarias — menos 45,1%;…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … homicídio voluntário — menos 22%. Estamos a falar, em ambos os
casos, de criminalidade grave e violenta, como é evidente, o que leva, obviamente, também aqui, a uma
descida ainda mais significativa do que a descida global, e estamos a falar de uma descida da criminalidade
grave e violenta superior a 9%. A primeira conclusão a retirar, que é óbvia — é, de resto, a conclusão do
OSCOT (Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo) —, é a de que Portugal é
considerado, felizmente, um País globalmente seguro. Este é um dado extremamente importante para o País,
para os seus cidadãos e também, obviamente, como aqui foi dito, para todas as atividades económicas, que
tanta relevância têm nesta matéria da segurança.
A segunda reflexão importante é a constatação de que esta descida mais significativa dos últimos 10 anos
ocorre num cenário de dificuldades para o País, num cenário de dificuldades económicas, num cenário de rigor
e restrição económica, ao contrário de tudo aquilo que aqui foi previsto pelos detratores e pelos opositores do
costume.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Quando todos adivinhavam, não diria desejavam mas, pelo menos, anunciavam que a criminalidade ia
disparar, que íamos ter números de criminalidade como nunca tínhamos tido, pois bem — e ainda bem! —,
temos exatamente o contrário. E porquê?
Em primeiro lugar, porque as forças de segurança tiveram uma capacidade de resposta absolutamente
notável nesta matéria.
Em segundo lugar, como sempre defendemos, porque houve uma resposta eficaz a tipos de criminalidade
concretos que estavam a nascer na sociedade portuguesa. Veja-se, por exemplo, a resposta em relação aos
assaltos às máquinas de ATM, aos multibancos. Há uma resposta de uma enorme eficácia. E também já referi
há pouco o exemplo das ourivesarias, mas podíamos dar outros exemplos.
Neste momento, há mudanças que têm de ser registadas como, por exemplo, o caso dos postos de
combustíveis onde há um ligeiro aumento, mas é, obviamente, a própria mudança da criminalidade que obriga
a uma resposta eficaz das forças de segurança.
Em terceiro lugar, porque não houve uma rutura, não houve uma desmoralização, não houve uma queda
de atuação das forças de segurança, ao contrário do que alguns previram e indiciaram.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Por que é que isso não aconteceu? Porque houve diálogo, porque
continuou a haver admissões — mais de 300 na GNR, mais de 300 também na PSP; porque se tratou de
forma diferenciada situações que são diferenciadas; porque não deixou de haver reequipamento; porque há
novos postos; porque houve 3,6 milhões de investimento no parque automóvel; porque houve a entrega de
109 veículos pelo Sr. Ministro da Administração Interna; porque houve um investimento de 2,6 milhões em
armamento; porque houve sempre diálogo com as forças de segurança e por isso elas não desmotivaram.
É evidente que, neste Relatório, há dados que merecem a nossa atenção e a nossa preocupação. O Sr.
Ministro já falou da violência doméstica, que é uma questão pendente, candente e muito séria na sociedade
portuguesa.
Também sabemos, diz a criminologia, que, normalmente, este tipo de crimes, o desfazer de um certo
estigma, as próprias campanhas de prevenção e de sensibilização levam a mais participações e isso é
também, nalguma medida, um dado positivo. Mas são números muitos graves, são números preocupantes da