24 DE OUTUBRO DE 2014
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Na semana passada, a maioria de direita, enquanto fazia a propaganda da fiscalidade e retirava mais nos
apoios sociais, chumbou aqui, na Assembleia da República, as propostas do Bloco de Esquerda para devolver
prestações sociais, o abono de família, o acesso aos transportes públicos, o acesso à ação social escolar e o
acesso às bolsas de estudo.
Quero dizer-vos, Sr.as
e Srs. Deputados, que no próximo Orçamento do Estado voltaremos a essas
propostas, que não desistimos de ser consequentes com aquilo que defendemos, ou seja, que Portugal não
seja abandonado, que não há futuro num País que considera a pobreza infantil como normal ou habitual.
No Orçamento do Estado há duas possibilidades: ou votam uma fiscalidade indecente de propaganda que
nada traz às famílias, ou votam mais cortes nas prestações sociais afundando mais o País na pobreza; ou é,
sim, possível votar prestações sociais que respondam às pessoas, votar uma fiscalidade que retire o esbulho a
quem vive do seu trabalho.
A propaganda não resolve os problemas da pobreza, tem um problema adicional: insulta quem está na
situação mais frágil, e isso não será nunca aceitável.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Muito obrigada, Sr.ª Deputada Catarina Martins.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Adão Silva, do PSD, Idália Salvador
Serrão, do PS, João Oliveira, do PCP, e Artur Rêgo, do CDS-PP. A Sr.ª Deputada informou a Mesa de que
pretende responder, conjuntamente, a grupos de dois pedidos de esclarecimento.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, o Sr. Primeiro-Ministro Pedro
Passos Coelho tinha razão ao afirmar que um dos desígnios deste Governo, como de qualquer Governo, é o
de promover os cidadãos que estão numa situação de maior precariedade. Por isso mesmo, Sr.ª Deputada, há
de notar que uma das preocupações essenciais deste Governo foi a de que pensões mínimas,…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sempre as pensões mínimas!…
O Sr. Adão Silva (PSD): — … que abarcam mais de um milhão de portugueses, pudessem ter um
aumento real, e um aumento real notável, nos últimos quatro anos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sabe bem que isso é falso!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Isto é, estas pensões cresceram cerca de 6,4% quando comparadas com a
inflação, que ficou em quase metade deste valor.
Portanto, um dos grupos sociais mais vulneráveis em Portugal, que é o dos idosos, teve um aumento
substancial do seu rendimento, dentro daquilo que era possível, dentro das margens estreitas em que
vivíamos.
Por outro lado, evidentemente que nos pena imenso a questão da pobreza infantil.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores só não coram porque não têm vergonha!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Qualquer tipo de pobreza nos pena! Nós somos um partido social democrata,
somos um partido que apoia um Governo de um País que se quer moderno e desenvolvido.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vê-se!…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Por isso é que a questão da pobreza infantil é também combatida, por
exemplo, com a reavaliação dos rendimentos ao longo do ano, permitindo que famílias que, porventura, não
estavam dentro dos níveis de acesso ao abono de família passem a estar.