21 DE NOVEMBRO DE 2014
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E, a propósito, faria de novo outra citação: «Não há varinhas mágicas nem soluções de curto prazo para
resolver os problemas de Portugal». E cito António Costa, Agenda para a década.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é que é fazer publicidade ao PS!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — É bom que todos os portugueses que nos ouvem e seguem
tenham a consciência de que, por muitas promessas que sejam feitas, o Dr. António Costa não terá condições
para as cumprir, porque a situação do País não o permite.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Não temos mais inscrições para este artigo.
Passamos ao Capítulo III, Secção VI — Proteção social e aposentação ou reforma.
Estão inscritos vários Srs. Deputados para intervir sobre o artigo 77.º — Complementos de pensão.
Dou a palavra à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, propomos a
eliminação dos artigos 77.º e 78.º, que constituem cortes sobre o rendimento dos pensionistas, em particular
sobre os complementos de pensão dos trabalhadores das empresas do Estado que foram para a reforma, que
foram pressionados a ir para a reforma antecipada e que tinham um contrato com um complemento de pensão
que lhes permitia ter um rendimento digno nessa reforma. O Governo, sem pestanejar, cortou esse contrato,
rasgou esse contrato com os trabalhadores e corta no rendimento, que muitas vezes equivale a 60% do
rendimento dos trabalhadores destas empresas.
Mas não podemos, sobretudo, admitir que o PSD admita cortar nos complementos de reforma de pensões
de trabalhadores da função pública, ao mesmo tempo que aqui propõe, juntamente com Deputados do PS,
repor as pensões vitalícias a Deputados. Isso não podemos admitir! Não podemos admitir que se equacione
repor pensões vitalícias a Deputados, ao mesmo tempo que nem se duvida em encurtar pensões e
rendimentos aos trabalhadores, como tem sido feito nos últimos três anos deste Governo e como já tinha sido
feito pelo Governo do PS, anteriormente.
Por isso, somos, e quero deixar bem claro, contra qualquer proposta que implique repor pensões vitalícias
a Deputados, ao mesmo tempo que se corta em pensões dos trabalhadores.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o que o Governo,
o PSD e o CDS têm estado a fazer aos trabalhadores do Metropolitano e da Carris é uma vergonha. É
inqualificável este saque aos complementos de reforma. Estes trabalhadores não pediram nada, estes
trabalhadores nunca pediram nada, foi a empresa que lhes pediu para passarem à reforma mais cedo, por
conveniência de serviço, e comprometeu-se, há muitas dezenas de anos, a criar o complemento de reforma e
a estabelecê-lo na contratação coletiva.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E os senhores, unilateralmente, decretam um corte substancial no rendimento
destes homens e mulheres, demonstrando que, com os senhores no poder, o Estado não é pessoa de bem.
Não é assim que se pode aceitar que a política funcione. Já sei que os senhores vão dizer que fazem isto
porque podem. Nós, simplesmente, respondemos que os senhores deveriam ter vergonha.
Mas ainda vão a tempo. Com a proposta do PCP, se a aprovarem, eliminam esse artigo vergonhoso, que é
o artigo em que o Estado dá o dito por não dito e rouba os trabalhadores reformados de uma forma
inqualificável.