26 DE NOVEMBRO DE 2014
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Ainda hoje a OCDE vem apresentar, para 2015, um crescimento inferior àquele que o Governo aponta e
um défice superior àquele que refere como seu objetivo.
Não é necessário prosseguir este exercício. As instituições convergem com a análise que, desde a primeira
hora, o Partido Socialista fez do Orçamento de Estado para 2015 em discussão neste Parlamento.
Ao longo das últimas semanas, o Governo ficou ainda mais sozinho. Depois de desbaratada, há muito, a
base social que o elegeu, está condenado a avançar nestes últimos meses da Legislatura sem apoio
institucional, em particular das instituições internacionais que o confortaram ao longo do Programa de
Ajustamento e que não vão na cantiga de acreditar num Orçamento que, por força do calendário eleitoral de
2015, não será cumprido por este Governo.
Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta proposta de
Orçamento do Estado não se remenda nem se reforma. Porém, ao longo do processo orçamental, o Partido
Socialista fez o possível por melhorar uma proposta de Orçamento sem consistência nem consciência. Para
isso, apresentou um conjunto de propostas responsáveis, que respondem à urgência do momento para tantas
famílias portuguesas.
Essas propostas organizaram-se em torno de quatro eixos. Primeiro, o combate à pobreza; segundo, o
reforço da coesão social e promoção do desenvolvimento; terceiro, a defesa da justiça e igualdade de direitos;
e, quarto, a promoção da equidade territorial.
A maioria chumbou todas as propostas do Partido Socialista.
Chumbou a prorrogação por um período de seis meses do subsídio social de desemprego, num contexto
em que o desemprego de longa duração atinge 460 000 pessoas e 300 000 desencorajados estão fora das
estatísticas do desemprego.
Chumbou o aumento do valor do abono de família, de modo a responder com urgência ao aumento
expressivo da pobreza infantil nos últimos três anos.
Chumbou a reposição dos anteriores descontos nos passes escolares, que reduziria a despesa indireta das
famílias com os estudos dos seus filhos.
Chumbou a alteração da cláusula de salvaguarda do IMI, que impediria uma subida vertiginosa do imposto
em 2015.
Chumbou o fim da isenção de 50% prevista no Estatuto de Benefícios Fiscais para os fundos imobiliários
em sede de IMI, que promoveria uma distribuição mais equitativa da carga fiscal sobre o património imobiliário.
Chumbou a redução do IVA da restauração para a taxa intermédia, que teria corrigido a penalização de um
sector que assistiu ao fecho de milhares de empresas e à perda de milhares de postos de trabalho.
Chumbou a reposição dos complementos de pensão de trabalhadores de empresas do sector público
empresarial, contemplados em sucessivos acordos de empresa negociados no quadro de planos que previam
a reforma antecipada desses trabalhadores.
Chumbou a suspensão, durante 2015, das penhoras e das vendas executivas de imóveis por dívidas
fiscais, tal como foram suspensas por dívidas à segurança social, numa total contradição e num contexto de
forte aumento no incumprimento das famílias no pagamento das prestações de crédito para a aquisição de
casa própria.
É uma maioria que não governa mas é uma maioria que sabe chumbar!
Aplausos do PS.
De forma genérica, as nossas propostas cumprem o princípio da neutralidade orçamental, porque previam
uma recusa em continuar a baixar a taxa de IRC fora das condições acordadas há um ano, medida que vale,
de acordo com estimativas oficiais, cerca de 250 milhões, que vai beneficiar sobretudo as grandes empresas,
sem qualquer contrapartida obrigatória.
Por outro lado, muitas das propostas aumentariam o rendimento das famílias que mais precisam e cuja
propensão para o consumo é mais elevada. Desta forma, ajudariam a estabilizar a procura interna, que, como
vimos nos últimos dois anos, tem sido a principal variável responsável pela redução do défice orçamental.
Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.
as e Srs. Ministros, Sr.
as e Srs. Secretários de Estado, Sr.
as e Srs.
Deputados: Desde o debate do Orçamento de Estado na generalidade até esta votação final, após a discussão
na especialidade, muito se passou em Portugal. A confiança dos cidadãos nas instituições democráticas