I SÉRIE — NÚMERO 23
54
10 — Estas são, pois, as razões que, a contragosto e lamentando que não tenha sido possível,
designadamente a solução sucedânea de, por via de formalização escrita por parte de membro do Governo
que a isso se havia comprometido, ser clarificada a interpretação de norma da Lei do Orçamento (artigo 139.º),
essencial para a Região Autónoma da Madeira, obrigaram os Deputados signatários a votar contra a proposta
de lei do Orçamento do Estado para 2015.
Os Deputados do PSD, Guilherme Silva — Correia de Jesus — Hugo Velosa — Francisco Gomes.
——
1.— Os Deputados dos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS-PP abaixo assinados votaram
favoravelmente a proposta de lei suprarreferida (OE 2015).
2 — Os referidos Deputados entendem que continua a existir a efetiva necessidade, por parte do Estado,
de prosseguir no esforço de consolidação das contas públicas de acordo com os compromissos internacionais
de Portugal, mormente o Tratado Orçamental, numa altura em que o País venceu com sucesso a difícil
provação que constituiu o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) negociado com a troica.
3 — De facto, nunca poderemos deixar de ter em conta que, em maio de 2011 e ainda na vigência do
Governo do Partido Socialista, não restou outra alternativa a Portugal que não fosse pedir a ajuda
internacional para conseguir pagar salários, pensões e assegurar as funções essenciais do Estado. O nosso
País esteve então muito perto de uma situação de falência desordenada e apenas o PAEF, acordado com a
troica, impediu a bancarrota e assegurou ao País um patamar mínimo de normalidade financeira, económica e
social.
4 — É de realçar o facto de hoje, passados mais de três anos, se poder proceder à reposição de parte dos
sacrifícios efetuados ao nível dos pensionistas e dos funcionários públicos, à atualização do salário mínimo
nacional e de estarmos em condições de acomodar uma reforma do IRS amiga das famílias numerosas.
5 — Os referidos Deputados têm, de igual modo, em conta que o Orçamento do Estado 2015 representa o
regresso pleno do País aos mercados internacionais de obrigações, a consolidação da fase de crescimento
económico sustentável conducente a um futuro de maior esperança para todos os portugueses e a redução
sustentada do desemprego como o demonstram claramente o cenário macroeconómico apresentado e que é
corroborado pelas diferentes previsões das instituições nacionais e internacionais.
6 — Muito embora estejamos bem conscientes dos desafios subjacentes à execução do Orçamento do
Estado 2015 não poderemos deixar de evidenciar aspetos nele contidos que, pensamos, virão a ter algumas
repercussões sociais que desejaríamos ver revertidas ou atenuadas.
7 — Assim, os Deputados signatários discordam do teor do artigo 77.º, em que, nas empresas do sector
público empresarial com resultados negativos, continua suspenso o pagamento aos trabalhadores reformados
de complementos às pensões, embora, em sede de especialidade na proposta aprovada, se tenha evoluído,
possibilitando acordos ao nível das empresas para ultrapassar a questão.
8 — Ora, acontece que todas as empresas europeias de transportes urbanos apresentam resultados
líquidos negativos, o que se justifica pela circunstância dos valores das tarifas praticadas terem em conta o
facto de serem operadores que prestam um serviço público essencial e, de igual modo, ser o Estado que
define os objetivos destas empresas e determina a sua política tarifária, no entendimento de que as tarifas
praticadas nas redes urbanas de grandes cidades têm sempre uma componente social que não permite cobrir
totalmente os custos operacionais das empresas.
9 — Assim, a discordância dos Deputados signatários assenta na circunstância de esta medida acarretar
consequências financeiras sérias para os trabalhadores reformados e pensionistas das empresas que se
encaixam em concreto nesta situação e a quem continuam a ser solicitados, deste modo, níveis de sacrifício
superiores aos demais cidadãos.
10 — Acresce ainda a esta disposição a manutenção das atuais restrições referentes às concessões
contratuais aos trabalhadores e antigos trabalhadores do sector dos transportes, o que continua a representar,
para estes e para as suas famílias, um esforço financeiro acrescido.