I SÉRIE — NÚMERO 24
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A opção do Governo, de agravar a injustiça fiscal em sede de IRS, contrasta com uma outra opção, relativa
ao imposto sobre o lucro das empresas — o IRC. Neste caso, a opção do Governo, com o apoio do PS, foi a
de reduzir a taxa de 25% para 23% e para o próximo ano mais uma redução, aprovada ontem, para 21%.
Em consequência, as grandes empresas pagam menos impostos — são os dados da execução orçamental
revelados ontem que o demonstram. A receita de IRC caiu 3,9%, nos primeiros 10 meses deste ano, ou seja,
menos 145 milhões de euros para os cofres do Estado, mais 145 milhões de euros para engrossar os lucros
das grandes empresas.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado. Já ultrapassou o tempo.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Concluo, Sr.ª Presidente.
Sr. Secretário de Estado, como justifica esta opção do Governo de reduzir a taxa de IRC pelo segundo ano
consecutivo, quando, ao mesmo tempo, impõe uma insuportável e injusta carga fiscal aos trabalhadores e às
famílias?!
Reconheça, Sr. Secretário de Estado, que as opções do Governo em matéria fiscal têm como objetivo
favorecer o grande capital,…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … reconheça que o Governo sacrifica quem vive do seu trabalho para engordar
os lucros dos grandes grupos económicos e financeiros.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe ao Bloco de Esquerda.
Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, quero
fazer-lhe uma primeira pergunta muito direta.
Estamos perante uma alteração ao IRS, que diz que é estrutural, mas que mantem uma medida que era
extraordinária, que é a sobretaxa de IRS. Ou seja, essa medida era extraordinária, seria para vigorar no exato
tempo em que fosse necessária, nem mais um dia para além disso; no entanto, reformaram o IRS e a
sobretaxa mantem-se.
É de dizer que, depois de tanta reforma, «a montanha continua a parir uma sobretaxa». E esta sobretaxa é
o legado dos 3000 milhões de euros de aumento de IRS — esse «enorme aumento de impostos». Vou repetir,
Sr. Secretário de Estado: 3000 milhões de euros de aumento de IRS de 2012 para 2013. E o Sr. Secretário de
Estado estava ao lado do Ministro Vítor Gaspar, quando ele foi garantir que eram mesmo 3000 milhões de
euros, o «enorme aumento de impostos».
Ora, depois deste «enorme aumento de impostos», o Sr. Secretário de Estado vem dizer-nos que a grande
reforma, afinal, é uma redução de 150 milhões de euros. Onde está o resto, Sr. Secretário de Estado? Onde
está o resto que tirou às pessoas e não dá, porque nós queremos o bolo todo, não queremos que nos venha
dar umas migalhas para dizer, afinal, que o Governo é tão mãos largas com as pessoas, quando continua a
retirar quase 3000 milhões de euros, em IRS.
Onde está, afinal, essa grande coragem de dar às pessoas aquilo a que elas têm direito e não aquilo que o
Governo lhes quer continuadamente retirar do bolso?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe ao PSD.
Tem a palavra a Sr.a Deputada Elsa Cordeiro.