27 DE NOVEMBRO DE 2014
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O Sr. Secretário (Pedro Alves): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Alberto Romão Madruga da Costa, nascido na cidade da Horta, ilha do Faial, em 15 de abril de 1940, foi
um dos mais destacados obreiros da autonomia constitucional dos Açores, um dos frutos incontroversos da
democracia estabelecida em Portugal pela Revolução do 25 de Abril.
Militante empenhado pela social-democracia, logo em 1976 foi eleito Deputado à Assembleia Legislativa da
recém-instituída Região Autónoma dos Açores, encabeçando a lista do PSD pelo círculo eleitoral
correspondente à sua ilha natal.
Vice-Presidente do Parlamento Regional e logo depois Presidente, ainda na I Legislatura, teve um papel
decisivo na arrancada da instituição parlamentar, ajudando, pela sua sensatez e bonomia, que lhe granjearam
natural autoridade, a estabelecer praxes de diálogo e entendimento entre todos os Deputados e os respetivos
grupos parlamentares.
Chamado ao Governo Regional, em 1979, para a delicada pasta dos Transportes e Turismo, Alberto
Romão levou consigo as qualidades já demonstradas e revelou, na abordagem e solução dos problemas a seu
cargo, uma grande prudência, que é a virtude por excelência dos governantes. Foi no seu tempo que arrancou
a execução do programa de construção e equipamento dos portos e aeroportos, com o qual se mudou a face
dos Açores e a vivência do povo açoriano.
Tendo regressado ao Parlamento regional em 1984, exerceu funções como Presidente do Grupo
Parlamentar do PSD. Em 1991, foi eleito, em difíceis circunstâncias de crise, Presidente da Assembleia
Legislativa, e depois novamente em 1992, no início da nova Legislatura. Em 1995, assumiu as funções de
Presidente do Governo Regional.
Sempre discreto, recusando exibicionismos de qualquer espécie, Alberto Romão teve altos cargos e deixou
de os ter, soube subir e descer, com requintada elegância e sóbrio desprendimento. Com humildade
democrática, a sua atitude constante foi de inteira disponibilidade para servir onde quer que a sua presença
fosse julgada útil à causa dos Açores.
Foi, até agora, o único açoriano que ocupou sucessivamente os cargos de Presidente da Assembleia
Legislativa e de Presidente do Governo Regional. Recebeu prestigiadas distinções honoríficas nacionais: a
Grã-Cruz da Ordem do Mérito, a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique; e regionais: a Insígnia
Autonómica de Valor. Mas isso em nada modificou o seu estilo de vida, modesto e simples, nem a sua
irradiante simpatia que tanta admiração e amizades lhe foram conquistando ao longo da vida, entre pessoas
oriundas de todas as ilhas dos Açores, de todas as classes sociais e de todos os quadrantes político-
partidários.
Nos últimos anos, já retirado de funções públicas — que, da política, um político nunca se retira —, Alberto
Romão mantinha-se como arguto observador e partilhava com gosto os seus comentários, nem sempre
isentos de alguma apreensão e até amargura, mas sempre, isso sim, motivados pelo seu grande amor aos
Açores e ao regime autonómico democrático, como instrumento de liberdade e de progresso para o povo
açoriano.
O seu último combate foi contra a doença que o vitimou e que aliás enfrentou, amparado por sua mulher,
filhos, netos e incontáveis amigos, com exemplar nobreza de caráter.
A geral consternação pela sua morte, ocorrida a 14 do corrente, no Hospital do Divino Espírito Santo, em
Ponta Delgada, foi assumida pelo Governo da Região Autónoma dos Açores, que decretou luto regional por
três dias.
A Assembleia da República, reconhecendo os muitos méritos cívicos e políticos de Alberto Romão
Madruga da Costa e a perda do que a sua morte representa para a Região Autónoma dos Açores e para
Portugal, curva-se perante a sua memória e endereça à família enlutada, bem como à Assembleia Legislativa
e ao Governo Regional, de que foi Presidente, sentidas condolências.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 228/XII (4.ª) — De pesar pelo
falecimento de Alberto Romão Madruga da Costa, antigo Presidente da Assembleia Legislativa e do Governo
Regional dos Açores.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Em nome destes dois votos, pedia a todos que guardássemos 1 minuto de silêncio.