9 DE JANEIRO DE 2015
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Repito: o que está em causa são as regras de acesso ao ensino superior pelos alunos do ensino artístico
especializado, sendo delas que reclamam tanto a petição, como os projetos de resolução. Dizem os
peticionários que os alunos destas escolas são discriminados…
A Sr.ª Odete João (PS): — E são!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — … em relação aos alunos dos cursos científico-humanísticos
por várias razões. Vou apenas referir duas delas, que são as que também foram referidas pelos Srs.
Deputados que intervieram.
A primeira diz respeito ao facto de terem de fazer dois exames obrigatórios, Português e Filosofia, para
acederem ao ensino superior, sem qualquer opção de escolha das disciplinas. Reclamam que deveriam poder
escolher entre Filosofia e outra disciplina, mas não concordamos. Achamos que os exames, para acesso ao
ensino superior, também devem ser exigidos a estes alunos e, sendo Filosofia e Português as únicas
disciplinas comuns em todo o ensino artístico e no ensino científico-humanístico, faz sentido que sejam estes
os exames a realizar.
Concordamos também que, devido à natureza destes cursos, não se exijam quatro exames, como no
científico-humanístico, e também concordamos que os alunos do ensino especializado só tenham de realizar
os dois exames no caso de pretenderem prosseguir os estudos, enquanto os restantes alunos do regime geral
têm de o fazer também, para concluírem o ensino obrigatório.
A segunda reclamação que é feita tem a ver com a classificação de acesso ao ensino superior e com o
cálculo da média dos exames. Dizem os peticionários que é exigida uma nota mínima de 95 pontos nos
exames aos alunos do especializado e aos restantes não é. Mas esta é só meia verdade, pois aos alunos do
científico-humanístico também é exigida a mesma nota mínima de 95 pontos nos exames para efeitos de
candidatura ao ensino superior, e essa exigência só não é considerada para efeitos de conclusão do 12.º ano.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Ora, como os alunos do ensino artístico não são obrigados a
fazer exame para concluir o 12.º ano, como é óbvio, deve ser-lhes feita a mesma exigência que se faz a todos
os alunos no que diz respeito às classificações mínimas para o acesso à universidade. Ainda assim, não é
necessário que tenham mais de 95 pontos em cada exame, mas apenas que tenham 95 pontos na média dos
dois exames que fizerem.
Por tudo isto, não acompanhamos nem os projetos de resolução, que não argumentam com consistência
alguma o que propõem, nem a petição, pois o regime atual parece-nos mais justo e equitativo.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar
de Os Verdes, queria saudar toda a comunidade educativa das Escolas Secundárias Soares dos Reis, no
Porto, e António Arroio, em Lisboa, bem como saudar, muito em particular, todas as pessoas que se
envolveram nesta petição.
Escutei atentamente as intervenções que foram feitas e dá-me a ideia que o que se pode concluir das
intervenções quer do PSD, quer do CDS, é que o Governo, afinal, até fez um grande favor a estes estudantes
do ensino artístico especializado. É o que parece! Criou-se um regime bastante favorável e que fez um
enormíssimo favor a estes estudantes e os Srs. Deputados quase que vêm aqui perguntar «afinal, do que é
que se andam a queixar?».
Srs. Deputados, esta é, de facto, uma forma de fuga à realidade, que acho não ser muito correta, por parte
da maioria e do Governo, mas em relação à qual já nos habituámos.