I SÉRIE — NÚMERO 41
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Diz-me o Sr. Deputado Duarte Pacheco que não posso impedir nenhum
trabalhador de se ir embora. Pergunto-lhe onde é que está a lista de trabalhadores que pediram para se ir
embora.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — O que acontece, Sr. Deputado, é o contrário: há uma lista sem critério,
circunstância a respeito da qual o Provedor de Justiça chamou a atenção e que os senhores não ligam
nenhuma, porque são tão radicais e tão extremistas que não ouvem nada, nem ninguém — não ouvem os
trabalhadores, não ouvem os seus representantes sindicais, não ouvem o Provedor de Justiça e ouvem o
Tribunal Constitucional quando são obrigados.
Queria ainda falar acerca de algumas afirmações que aqui foram feitas relativamente à lei anterior, pelo
Deputado Pedro Mota Soares, em 2008, quando dizia: «Temos muitas críticas ao diploma e achamos até que
alguns aspetos são inconstitucionais.»
Agora, reviu essa lei, como se costuma dizer «em baixa», para pior, permitindo que os trabalhadores, ao
fim de um ano, possam ser despedidos. Maria Luís Albuquerque foi ontem claríssima. Não vale a pena os
senhores quererem «tapar o sol com a peneira»!
Sr. Deputado Mário Ruivo, agradeço-lhe a pergunta e, de facto, as preocupações hoje são bastante
grandes, mas devo dizer-lhe também que houve uma porta que já tinha sido aberta e que agora entrou o
«contrabando» todo, pela porta, pela janela, por todo o lado.
Portanto, os senhores têm agora a oportunidade de prometer às pessoas que, se tiverem o poder,
acabarão com a requalificação. É essa promessa que tem de ficar também muito clara. Não lhe podem
chamar outra coisa para seguirem as mesmas pisadas. Isso hoje é que é importante.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma declaração política, tem a palava o Sr. Deputado Nuno
Reis.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: «Portugal não pode falhar. E eu sei que
Portugal não falhará» — foi com estas palavras que, a 21 de julho de 2011, Pedro Passos Coelho assumiu os
destinos do Governo.
Num discurso pautado pelo realismo, o Primeiro-Ministro pediu aos portugueses coragem, persistência, boa
vontade e paciência. E tem sido precisamente com esses atributos que o País tem sabido estar à altura dos
desafios de uma governação marcada por um período de três anos de assistência financeira externa e de
partilha forçada da soberania económica, financeira e política até maio último.
Acreditar nas palavras fáceis, nas promessas irrealistas e nos caminhos sem sacrifícios custou ao País três
bancarrotas, traduzidas em outros tantos programas de assistência externa, nos últimos 40 anos.
Mas nem a gravidade da situação económico-financeira do País em 2011, nem o montante relativo da
assistência, nem as medidas de contrapartida negociadas e aceites tiveram paralelo com os dois resgates
anteriores.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — No mesmo discurso de tomada de posse, Passos Coelho afirmava que
Portugal jamais poderia regressar à ilusão de que a dívida em espiral alimenta crescimento. Passo a citar: «A
embriaguez da dívida limita-se a encenar um falso e curto bem-estar até ao dia em que chega a fatura e o
colapso. Agora Portugal também sabe o preço que se paga em autonomia política. Reduziremos a dívida para
recuperarmos a capacidade de decidir mais livremente os nossos próprios assuntos e de fazer as nossas
próprias escolhas.»
Recordo estas palavras a propósito da atual situação política nacional e europeia.