I SÉRIE — NÚMERO 41
32
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Paulo Sá, do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Reis, no início da sua intervenção começou
por falar da dívida, dizendo que um dos objetivos principais do Governo era a redução da dívida. Mas em
todos os anos em que este Governo esteve em funções a dívida pública não diminuiu, aumentou.
Desta forma, eu queria confrontar as fantasias do Governo, do PSD, do CDS e do Sr. Deputado com a crua
realidade dos dados oficiais.
Na verdade, de acordo com os dados oficiais mais recentes, do mês de novembro, relativos à dívida, a
dívida direta do Estado cresceu, num ano, 14 000 milhões de euros, ou seja, mais 4%; a dívida pública, nos
primeiros 11 meses de 2014, cresceu 9100 milhões de euros, ou seja, mais 3,4 pontos percentuais do PIB; por
fim, a dívida pública na ótica de Maastricht, aquela que interessa nas negociações com a troica, cresceu
também, nos primeiros meses de 2014, 6700 milhões de euros, ou seja, mais 6,7 pontos percentuais do PIB;
os juros e os encargos com a dívida anuais cresceram, nos primeiros 11 meses de 2014, 2,5%, atingindo os
6900 milhões de euros, prevendo o Governo que no próximo ano ultrapassem 8000 milhões de euros.
Esta é a dura realidade, que nada tem a ver com as fantasias que o Sr. Deputado trouxe aqui.
Na segunda parte da sua intervenção, o Sr. Deputado congratulou-se com a decisão do Banco Central
Europeu de comprar dívida pública. É preciso deixar bem claro aqui que esta decisão não significa que este
Banco vai passar a financiar diretamente os Estados, como o PCP tem vindo a propor.
Na realidade, o Banco Central Europeu vai comprar dívida soberana que já se encontra nas mãos dos
bancos privados e, desta forma, esta medida é mais um financiamento público à banca privada.
Além disso, Sr. Deputado, não há qualquer garantia de que este bilião de euros, um milhão de milhões de
euros, vá parar à economia. O mais provável é que fique retido no sistema financeiro, que seja canalizado
para a especulação e para alimentar bolhas especulativas.
Sr. Deputado, o problema de crescimento económico não é a falta de liquidez, é a falta de procura efetiva,
é a falta de capacidade de consumo. Nesse sentido, era necessário aumentar o poder de compra dos
trabalhadores, das famílias, do povo português, aumentando, desse modo, a procura interna e promovendo o
crescimento económico.
Relativamente a esta medida, que, como frisei, não significa que o BCE vá financiar diretamente os
Estados, o que se impunha era alterar os estatutos do Banco Central Europeu, permitindo-lhe financiar
diretamente os Estados, libertando os Estados-membros da zona euro, e em particular Portugal, da submissão
aos mercados financeiros. Essa é que era a medida que se impunha.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera
Rodrigues, do CDS-PP.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Nuno Reis, quero
cumprimenta-lo pelo tema que trouxe na sua declaração política, que constitui, mais uma vez, uma
oportunidade de esclarecermos a dívida pública que hoje temos de pagar e que, felizmente, hoje conseguimos
também gerir com outra capacidade e com outra facilidade, devido à credibilidade que Portugal conquistou.
Sr. Deputado, peço-lhe que nos esclareça que dívida pública é esta, que componentes estão incluídas
nestas dívidas, para que se perceba, de uma vez por todas, o que estamos a pagar.
Sabemos hoje que o PS foi absolutamente negligente e irresponsável na gestão que fez ao longo do seu
Governo. E vejamos: há três anos, Sr. Deputado, não conseguíamos, sequer, que nos emprestassem dinheiro
a 30 dias. Hoje, este Governo consegue que nos voltem a emprestar dinheiro a 30 anos.
O Sr. João Galamba (PS): — É uma epidemia de credibilidade!