23 DE JANEIRO DE 2015
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défice gostariam que pudéssemos ter toda a flexibilidade do mundo sem nunca ter a responsabilidade para a
poder utilizar. A coerência vale muito» — Pedro Passos Coelho.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Marcos
Perestrello, do PS.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Agora é que vamos saber o que pensa o PS!
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ao longo destes 40 anos de
democracia, todos os governos encontraram e enfrentaram problemas. Hoje temos, pela primeira vez, um
Governo que se demitiu de governar. O atual Governo, confrontado com o fracasso da sua política, está em
greve de zelo, terminou.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Muito bem!
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Os sinais do fracasso começaram com as demissões de dois Ministros-
chave, das áreas de governação-chave para este Governo — as Finanças e a Economia. Demitiram-se, e
demitiram-se com estrondo, tornando públicas as razões das suas demissões: a impotência, o fracasso, os
resultados das suas políticas, em particular no aumento do desemprego.
A demissão do Governo ocorreu no verão de 2014, quando, perante os chumbos sucessivos do Tribunal
Constitucional, o Primeiro-Ministro anunciou ao País, na festa do reinício da temporada política do PSD no
Pontal, que desistia da reforma da segurança social, remetendo-a para depois das eleições de 2015. Demitiu-
se de governar.
Aproxima-se o final da Legislatura e o momento da escolha entre a continuação de um Governo que
agravou todos os problemas do País e uma alternativa consistente e credível, que dê a Portugal e aos
portugueses as razões de uma esperança nova.
Aplausos do PS.
O Governo não tem dúvidas sobre o sentido da avaliação e da escolha dos portugueses. O Governo já não
tenta evitar a sanção, pois sabe que ela é inevitável, mas tenta minorá-la, recorrendo à mistificação mais
inverosímil e grosseira, pensando que os portugueses se vão deixar iludir ou enganar.
O Governo só é bom a fazer o mal. Todos, ou quase todos, os indicadores negativos aumentaram: a dívida,
o desemprego, a pobreza, a recessão, a desigualdade, o insucesso escolar. Todos, ou quase todos, os
indicadores positivos diminuíram: o investimento, a competitividade, o desenvolvimento humano, a
escolaridade, a investigação científica, o fomento cultural.
Por muito que o Primeiro-Ministro ache que tudo é normal e se comporte como se isto fosse normal, não é!
Não é normal as aulas não começarem a tempo e as escolas fecharem portas a meio do ano por
incumprimento das obrigações do Ministério da Educação, como acontece no ensino especial e no ensino
artístico. Não é normal os Orçamentos de Estado necessitarem de ser retificados todos os anos várias vezes.
Não é normal os tribunais ficarem paralisados.
Mas é no Serviço Nacional de Saúde que a situação atinge contornos mais graves. Apostado em cortar
mais do que o acordado com a troica, o Governo desinvestiu nos centros de saúde, reduziu a contratação de
profissionais de saúde e proibiu os hospitais de contratar. Milhares de profissionais de saúde, formados em
Portugal, nas universidades portuguesas, com o seu esforço e o dos seus pais e também com o dinheiro dos
contribuintes portugueses, emigraram porque o Governo lhes disse que eram desnecessários no seu País.
Agora, o Governo, perante o desastre e as suas terríveis consequências, tenta emendar a mão e pede aos
hospitais que contratem mais profissionais.
Aplausos do PS.