I SÉRIE — NÚMERO 41
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O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, o Sr. Deputado Marcos Perestrello sabe — e sabe-
o esta Câmara — que é capaz de enunciar ideias políticas de uma forma muito mais objetiva, densa e clara do
que aquilo que acabou de nos trazer aqui.
Com toda a sinceridade, ouvir um representante do partido que levou Portugal à falência dizer que as
coisas agora é que estão muito más… Francamente, Sr. Deputado! Francamente!
O País e esta Câmara continuam sem conseguir vislumbrar minimamente o que é que o Dr. Costa pensa e
quer para Portugal.
O Dr. Costa pensava ou julgava poder fazer um percurso político até às eleições legislativas assim mais ou
menos ao estilo de uma candidata a Miss Universo, com um discurso feito de vacuidades politicamente
corretas, do género de dizer que quer o bem de todos nós e, com certeza, também quer a paz no mundo.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Pois, Sr. Deputado, não basta, não é suficiente, nós não o
consentiremos, os portugueses não o consentirão. E é preciso que o Sr. Deputado, a sua bancada e o Dr.
Costa digam, de uma vez, aos portugueses o que é que querem para este País. O que é que o Partido
Socialista pensa, por exemplo, sobre a antecipação do pagamento do empréstimo do FMI e, sobretudo, o que
é que o Dr. Costa pensa sobre as condições que possibilitaram essa antecipação do pagamento,
designadamente, a baixa constante de juro e o caminho de credibilidade que este Governo facultou para
Portugal e que permitiu esta operação tão importante, sobre a qual o Partido Socialista ainda nada disse.
E, já agora, o que é que o Dr. Costa pensa e quer sobre o modelo de descentralização de competências
para as autarquias que este Governo apresentou?
Neste momento, existe, pelo que sabemos, alguma turbulência no Partido Socialista. Acabamos de ouvir o
Dr. Gil Nadais, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, dizer que, até agora, o Partido Socialista, sobre
esta matéria, deu zero respostas.
E ouvimos também o Dr. Gomes Ferreira, dirigente socialista, dizer que o PS não diz o que quer e o que
pensa sobre este modelo de descentralização.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr. Deputado, não é totalmente verdade o que acabei de dizer. Há, de facto, neste ano político que se
iniciou em janeiro, uma proposta do Partido Socialista, há uma marca do Partido Socialista. O País pode estar
descansado, porque há, pelo menos, uma proposta. Citando o Dr. Correia de Campos: «O Partido Socialista
iniciou o seu ano eleitoral com a proposta de adoção por casais homossexuais».
Sr. Deputado, é pouco, é muito pouco. Espero que nos diga mais de concreto e objetivo na sua resposta.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começo por cumprimentar o Sr. Deputado
Marcos Perestrello, que veio hoje, na sua intervenção, fez uma avaliação negativa da que tem sido a atuação
deste Governo e da sua política.
Mas, Sr. Deputado, há uma dúvida que fica no ar e que seria importante esclarecer — até apetecia, de
facto, colocar essa mesma questão. Parece que o Partido Socialista está, de alguma forma, arrependido por
ter apoiado o Presidente da República e por ter apoiado este Governo, em vez de ter exigido a sua demissão,
quando andou em reuniões com o PSD, com o CDS e com o Presidente da República para encontrar um
suposto consenso e para salvar esta política de desastre para o País e para os portugueses e que está a
conduzir à destruição das funções sociais do Estado.