23 DE JANEIRO DE 2015
43
No que diz respeito ao planeamento estratégico de defesa, concluímos os trabalhos de desenvolvimento do
Conceito Estratégico Militar, das missões das Forças armadas, do sistema e do dispositivo de forças.
Aprovámos recentemente, em Conselho de Ministros, as novas leis orgânicas do Ministério da Defesa
Nacional, do EMGFA (Estado-Maior General das Forças Armadas) e dos Ramos, permitindo a estas estruturas
funcionar com ganhos efetivos de eficiência e de eficácia.
Encontra-se agora, igualmente em fase final, o projeto de diploma do novo Estatuto dos Militares das
Forças Armadas, que entrará em circuito legislativo muito brevemente.
Ou seja, numa expressão: na defesa nacional realizámos uma verdadeira reforma estrutural.
Aplausos do PSD.
Ao mesmo tempo que revíamos todo o edifício legislativo da defesa nacional, iniciámos também uma
análise rigorosa a todos os programas de aquisição de equipamento militar que estavam em curso.
Foi o resultado dessa análise e o novo quadro concetual que estávamos a desenvolver que nos levaram a
determinar a continuidade de alguns dos programas previstos e o cancelamento óbvio de outros.
Não os cancelámos apenas por falta dinheiro; cancelámos com base na análise criteriosa do retorno e do
benefício de cada um desses programas.
Refiro-me aos helicópteros NH90, com custos incomportáveis para o Estado português superiores a 500
milhões de euros nos próximos anos.
Refiro-me às viaturas blindadas Pandur, em incumprimento contratual à época reiterado desde há vários
anos.
Refiro-me ao programa de construção de navios para a Marinha Portuguesa, que devia estar concluído em
2012, mas que, em 2011, quando este Governo tomou posse, tinha uma taxa de execução de apenas 2,5%.
Ou seja, no total, com estas decisões, libertámos o erário público de encargos futuros superiores a 1300
milhões de euros. Repito:1300 milhões de euros.
Aplausos do PSD.
Fomos, assumidamente, exigentes com o modo como era gasto o dinheiro dos contribuintes.
Foi com este mesmo espírito, com esta mesma exigência e até com o rigor da poupança que o País
reclama que concluímos e apresentamos esta nova lei de programação militar, já aprovada em Conselho
Superior Militar e em Conselho Superior de Defesa Nacional.
Compete agora ao Parlamento discutir a proposta, num debate aberto, transparente, para o qual o Governo
está totalmente disponível para também, em sede de Comissão de Defesa Nacional, prestar todos os
esclarecimentos.
Sr.as
e Srs. Deputados, insisto com a expressão «nova lei de programação militar», porque esta lei não é
uma simples revisão ou um pequeno ajustamento da lei anterior. É mais do que isso, é uma mudança de
filosofia. É uma lei mais pragmática, mais imediatista e, consequentemente, mais realista.
Diminuímos o seu período de vigência de 18 para 12 anos.
Deixamos de poder contabilizar a eventual alienação de material militar como forma de financiamento de
novas aquisições, o que conduzia, invariavelmente — como conduziu nos anteriores Governos —, a uma
suborçamentação crónica da lei. É, neste sentido, uma lei mais verdadeira e mais transparente.
Reduzimos o orçamento global disponível para os diferentes programas. Mas isto não significa que o
Governo tenha decidido reduzir a qualidade do investimento nas Forças Armadas. Significa, sim, que nos
obrigámos a que cada euro investido na defesa nacional fosse, obrigatoriamente, mais eficiente e mais
rentável, significa um investimento mais útil para o nível de ambição que Portugal pode e deve ter nesta
matéria.
A lei de programação militar que hoje apresentamos não satisfaz egos de quem quer que seja, satisfaz
necessidades. A lei de programação militar que hoje apresentamos não serve para os desfiles militares, serve
as necessidades de quem está no terreno.