23 DE JANEIRO DE 2015
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onde se verificavam complexidades e agiliza onde se verificavam condicionalismos. Uma outra alteração
importante é que se articula como deve ser com o ciclo de planeamento de defesa militar.
É corrente ouvir dizer — ainda hoje aqui também ouvimos, embora com outras palavras— que a Lei de
Programação das Infraestruturas Militares é uma lei de «faz de conta». E, de facto, tem sido. Tem sido uma lei
de «faz de conta», porque, prevendo aplicar a receita da rentabilização do património da defesa na execução
da lei, na verdade nunca o fez. Não o fez porque pouco rentabilizou o património com estimativas irrealistas,
porque o pouco que fez sempre foi consumido totalmente com a necessidade de financiar o fundo de pensões
das Forças Armadas. É também uma lei de «faz de conta», porque as vendas que fez foram feitas ao próprio
Estado ou à Estamo ou às autarquias locais. Foi por isso, de facto, uma lei de «faz de conta».
A proposta que agora o Governo submete ao Parlamento é a de uma lei realista e mais exequível. Aliás,
vale a pena aqui referir que as referências que foram feitas pelo Sr. Deputado José Lello ao facto de
anteriormente estarem afetos 100% das verbas a realizar à execução do programa e agora serem apenas
90% era, por si só, uma fragilidade dessa lei. Com o que foi dito fica claro que 100% de zero é sempre pior do
que 90% de algo que não será, seguramente, zero.
Para além destas alterações que já foram abordadas, esta proposta foi também antecedida da resolução
do problema de financiamento do fundo de pensões e com isso ficam libertados os recursos para serem
aplicados onde devem ser aplicadas as receitas na execução da Lei de Programação das Infraestruturas
Militares.
Sr. Ministro, queria colocar-lhe uma questão que, para o PSD, tem particular significado. Em resultado da
reforma das Forças Armadas, foi possível libertar ainda mais imóveis que vão ser utilizados na rentabilização
no âmbito desta lei.
As Forças Armadas e a defesa nacional têm também uma dimensão social, para além da dimensão
estratégica. Neste âmbito, importa esclarecer se a diminuição dos imóveis no âmbito do novo dispositivo de
forças não implicará a desertificação e o abandono do interior do território.
Dito de outro modo, Sr.as
e Srs. Deputados, importa esclarecer se está ou não garantida a presença militar
coerente, com todo o significado que isso representa e a importância que constitui em todo o território
nacional. Isso é um aspeto que, para nós, também, é muito importante, porque, como disse, as Forças
Armadas desempenham um papel social no nosso território que importa que, com esta lei, fique, ainda assim,
assegurado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa tem a informação de que há uma transferência de tempo do CDS-PP para o
Governo, inscrevendo-se o Sr. Ministro para intervir.
Tem, pois, a palavra, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr.ª Presidente, vou ser muito rápido. Queria só reafirmar que, com
estes diplomas, culmina uma reforma coerente e completa que é pela primeira vez realizada em todo o edifício
legislativo da defesa num regime democrático.
O Sr. António Filipe (PCP): — Já se está a repetir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — É a primeira vez que, desde o Conceito Estratégico de Defesa
Nacional até à Lei de Programação Militar, se completa um ciclo total. Isto permite melhor estabilidade para o
desenvolvimento das missões das Forças Armadas e, por isso, compreendo que a oposição esteja sem tema,
esteja algo incomodada e com alguma irritabilidade pelo facto de o Governo, nesta matéria, ter cumprido tudo
aquilo a que se propôs no início do mandato.
Mas como também parecia pairar uma menor transparência ou uma maior fuga ao debate, devo dizer ao
Sr. Deputado António Filipe que a discussão em sede de especialidade permite todo o escrutínio sobre esta
matéria feito pelos Deputados da Nação, que são eleitos pelo povo português, que têm assento na Comissão
de Defesa e que têm obrigação de fazer uma discussão competente e com conhecimento de causa e não
servir-se desta matéria para a barganha política, fazendo-se essa discussão à margem daquilo que são os